Friday, December 01, 2006

Sobre a viagem `a Tailandia...










Yokkok, 2 Dezembro 06

Anyong, pessoal!
Pois é, tava a ver que não… mas sempre acabei arranjando um tempinho para actualizar este meu blog. Dado que tenho trabalho para adiantar devido à minha primeira viagem ao continente africano, acabo os dias sempre cansado ou então aproveito para sair e encontrar amigos ou fazer mais coisas relacionadas com o trabalho.
Mas eis que hoje tenho um tempinho… e não o vou desperdiçar.
Bom, relato-vos então, mas não tão extensivamente como fiz a quando da viagem à Mongólia (senão adormeceis!), o conteúdo da minha viagem de “negócios e prazer” à belíssima Tailândia. Sim, fiquei deveras apaixonado por este país… e não pude visitar as zonas de praia, senão então é que ficava por lá!!! Começo então pelos “negócios”, ou seja, o motivo principal da minha visita a este país incrível. Só um parêntesis: se algum dia tiverem a oportunidade de visitar a Tailândia, não a deixeis passar, pois não vos arrependereis! Claro, caso alguém a tenha é favor dar um salto aqui ao Extremo Oriente, pois afinal só são mais 5 horitas de avião.
Bom, começando pelos “negócios”…

O primeiro congresso missionário da Ásia contou com a presença de cerca de 1047 delegados de cerca de 25 países, bem como observadores de outros continentes. Entre os participantes estavam missionários que trabalham na Mongólia, entre eles um colega meu de Instituto, o Giorgio Marengo; como podeis imaginar, foi muito bom ter um da “família” no meio daquela multidão. Haviam também mais 2 tugas, combonianos que trabalham nas Filipinas. Quanto aos que foram aqui da Coreia, só conhecia uma senhora que faz tradução para a nossa revista; os restantes, cerca de 15, fui conhecendo aos poucos. Infelizmente, o único bispo coreano que deveria ter participado, juntamente com os 60 e tal que lá estavam… não foi: cancelou à última hora!!! Para mim é um sinal do quanto a Coreia está muito pouco interessada na missão ad gentes. Fiquei instalado num quarto com um missionário mexicano que trabalha aqui na Coreia, muito simpático e que conhecia há já algum tempo; tivemos muitas conversas sobre a missão aqui na “nossa” Coreia.
Bom, após ter participado neste primeiro congresso missionário do vasto continente asiático (18-22 Outubro), regressei da Tailândia com o coração não só feliz como renovado no meu entusiasmo missionário. Sentir o coração missionário da Igreja presente na Ásia foi, de facto, uma experiência única. O resultado foi muito positivo e estou certo de que o próximo congresso será ainda melhor. É importante crescer na consciência do dever de contar a história de Jesus neste que é o maior e o menos evangelizado continente de todos, apesar de Jesus ter nascido nele. O I congresso missionário da Ásia teve lugar na cidade de Chiang Mai (norte da Tailândia). O tema, “Contar a história de Jesus na Ásia”, foi dividido em quatro partes: A história de Jesus nos povos da Ásia (dia 19); A história de Jesus nas religiões da Ásia (dia 20); A história de Jesus nas culturas da Ásia (dia 21) e A história de Jesus na vida da Igreja na Ásia (dia 22). O esquema dos trabalhos seguiu esta fórmula: apresentação do tema do dia da parte da manhã, com testemunhos vários relacionados com o mesmo. Da parte de tarde, espaço para a partilha por grupos de experiências pessoais sobre a missão, partilha que respondia a uma questão prévia. Antes do jantar, havia um resumo do dia com uma perspectiva teológica sobre o tema, a qual no meu parecer era desnecessária. Com uma agenda de trabalhos muito carregada, houve muito pouco tempo para os trabalhos em grupo. Eles são o mais essencial neste tipo de encontros, pois não é todos os dias que se tem a possibilidade de partilhar a própria experiência de missão com gente que trabalha em países diferentes. A organização prática esteve impecável. A nível de conteúdos houve um certo exagero: muita coisa para tão pouco tempo, tanto que a malta após 2 dias já acusava muito cansaço: basta dizer que a missa era às 6h da madrugada!!! E muitos iam dormir para lá da meia-noite, pois passava-se o tempo conversando e fazendo amizades, algo que é para mim o mais bonito e importante nestes encontros internacionais. Certo, a teoria é necessária, mas neste caso seria melhor dar mais tempo para que os participantes pudessem partilhar as suas experiências de missão, pois deu-se o caso de um ou outro orador nem sequer ser missionário ou não ter qualquer experiência no campo da missão… só tretas teóricas!Creio que a imagem da Ásia apresentada foi muito uniforme, muito longe da realidade. Não há uma Ásia só, mas sim um complexo de realidades muito diferentes umas das outras. É o caso do diálogo inter-religioso, que tem resultados muito diferentes de país para país.
Resumindo e concluindo, foi um dom imenso do nosso Amigão este do poder ter participado neste acontecimento histórico da Igreja na Ásia.

Bom, veio depois o “prazer”: no dia em que terminou o Congresso, por volt das 2h da tarde, juntei-me a muitos que aproveitaram o facto de ser grátis para fazer um tour da cidade de Chiang Mai; embora só tenha dado para ver uma pequena parte da mesma, foi muito bom. No dia seguinte, fiz um tour de um dia, juntamente com 3 missionários mexicanos. Fomos até norte, à fronteira com Burma e Laos, ou seja, ao famoso “Triângulo Dourado”, no qual no passado se faziam transacções de droga. O passeio foi espectacular, sobretudo pelas paisagens. Adorei! Claro, fiz fotos até dizer “basta”! No dia seguinte, 3ª feira, visitei ainda parte da cidade de Chian Mai; da parte da tarde, apanhei o voo para Bangkok. Cheguei à casa dos missionários italianos do PIME à noite, pois ficava muito longe do novo aeroporto da capital. Precisamente por esta razão pedi para que me encontrassem lugar para ficar no centro de Bangkok, para onde fui na 5ª feira, 26 Outubro. Bom, o dia 25 passei-o com o padre Adrianao, missionário há 32 na Tailândia e que nos últimos 9 anos tem feito uma experiência muito bonita e significativa em vários bairros-de-lata da zona; visitei casas-família para crianças destes bairros, como pessoas que, sendo dos bairros, ajudam outros mais pobres. Recebem uma especial de “salário”, de modo a serem incentivadas a darem o seu melhor com fidelidade. Encontrei algumas destas pessoas e foi incrível poder ver o quanto amam fazer o bem, sempre impulsionadas pelo padre Adriano. Na Itália, estes missionários do PIME têm cerca de 2000 famílias que participam num programa de adopção à distância, programa que possibilita o projecto das casas-família para as crianças pobres, de modo a que elas possam frequentar a escola e serem bem sucedidas na inserção futura na sociedade. Claro, sendo director de uma revista missionária, o objectivo desta visita era também de preparar material para depois inserir na nossa revista, algo que comecei já a fazer. Com a viagem ao Kenya farei precisamente o mesmo, claro!
Bom, como o discurso já vai longo, resumo a última parte: fui então para Bangkok, onde fiquei hospedado nos missionários franceses do MEP. Tive de desenferrujar o meu pobre francês, embora todos falassem inglês também. Visitei a cidade quase toda, pois tive quase 4 dias; ADOREI AO MÁXIMO!!! Os templos são espectaculares e a cidade, se munidos de um bom mapa, é de fácil conquista. O único “senão” é a poluição atmosférica e Sonora, sobretudo causada pelas moto-táxi (chamadas Tuk-tuk). Visitei tambem o famoso "mercado flutuante", ou seja, um mercado feito de barcos num canal; foi uma das experiencias mais memoraveis desta minha viagem; ficava a uma hora de Bankgkok. Claro, durante a minha estadia fiz uma carrada de fotos; colocarei todas ou quase num sito e depois avisar-vos-ei, de modo que possais desfrutar do melhor que por lá vi e fotografei.
E pronto: fico por aqui. Muito mais haveria para contar, mas fica para quando nos encontrar-mos, certo? Fecho este texto e escreverei o seguinte, contando-vos o que tenho feito desde o mês passado. Incrível, já estamos em Dezembro!!! Também por cá se sente o cheiro forte a… Natal, se bem que para os “indígenas” daqui isto seja pura e simplesmente sinal de CAPITALISMO! Enfim…

As fotos que coloco agora são relativas ao Congresso Missionário; no próximo texto colocarei mais fotos.
1. Eu com P. Giorgio Marengo
2. Lideres religiosos: bispo catolico, monge budista e lider musulmano
3. Eu com bailarina indiana
4. Eu com indigena tailandesa
5. Bispos com criancas que fizeram um teatro sobre catolicismo na Tailandia: foi "divino"
6. Eu com outros tugas (o segunda da esquerda e' indiano)
7. Eu com um indonesiano em trajes nacionais tribais
8. Uma das belissimas bailarinas locais
9. Um simpatico casal da tribo Aka (Tailandia)

Tuesday, November 07, 2006

E o tempo vai passando...

Yokkok, 7 novembro 07
Anyong, malta!!!
Ola a todos. Pois e', ainda nao tive tempo para partilhar com voces o diario da minha viagem `a Tailandia, mas prometo que esta' para proximo. E' que estando eu ocupado com a revista, a qual tem prioridade sobre outras coisas, o tempo foge-me das maos... Prepararei tambem as fotos que la' fiz, varias centenas (nao digo milhares para nao vos assustar; claro, varias ficaram mal ou desfocadas, mas espero em breve substituir a maquina fotografic, pois esta e' fraquinha); coloca-las-ei no site do web-a-photo, de modo a que possais conhecer um pouco deste belissimo pais asiatico.
Hoje tive mais um dia bastante preenchido, sobretudo com o senhor da grafica onde a nossa revista e' produzida: estive quase duas horas com ele corrigindo e acertando detalhes no nosso calendario missionario 2007, o qual ofereceremos a amigos e benfeitores. Tambem estou preparando o boletim para os nosso benfeitores, o qual servira de cartao de Natal; e', este ano decidi nao fazer o meu habitual, pois simplesmente nao terei tempo, ate porque em Janeiro irei ao Kenya, o que implica mais trabalho, pois terei de deixar muito material preparado antes de ir. De qualquer modo, este cartao inserido no boletim nao deixa de ser meu, pois a foto da capa e' minha, tirada precisamente na Tailandia, quando estava visitando a tribo dos Aka, no norte do pais. Depois irei coloca-la aqui tambem...
Bom, faz tempo que tenho um texto muito engracado sobre frases famosas, enviada por um amigo meu, o Nando, dos nossos jovens leigos da Consolata, comunidade de Ermesinde. Assim, aproveito estas frases que estao DEMAIS para que possais rir e relaxar um pouco . Colocarei tambem algumas fotos comicas ( a minha preferida e' a da miudita que ameaca o irmaozito: esta' ESPECTACULAR!!!), encontradas aqui e li na net... pois a vida nao deve ser tomada muito a serio, verdade?
Bom, espero que gosteis e prometo estar para breve o meu diario, ok?
Aqui vai o texto... Algumas sao "politicamente incorrectas", mas nunca fui politicamente correcto, por isso acho que estao o maximo!!!

FRASES E AUTORES

Incomodam-me as pessoas que não dão a cara (Anónimo)
Vamos por partes (Jack, “O Estripador”)
A minha esposa tem um bom físico (Albert Einstein)
Eu comecei por roer as unhas (Vénus de Milo)
Nunca pude estudar direito (Corcunda de Notre Dame)
Ser cego não é grave, pior seria ser negro (Stevie Gonder)
Sempre quis ser o primeiro (João Paulo II)
Quando te foste, deixaste-me um sabor amargo na boca (Monica Lewinski)
Hás-de pagar-me (Fundo Monetário Internacional)
Basta de realidades! Queremos promessas! (os pobres)
Batemos a concorrência (Moulinex)
O leite engorda (uma grávida)
Tenho um coração de pedra (uma estatua)
Não mais derramamento de sangue (Tampax)
Tenho nervos de aço (Robocop)
O automóvil nunca substituirá o cavalo (a égua)
Mamã, eu sei tudo (dicionário “O Pequeno Larousse Ilustrado”)
Tenho um nó na garganta (um enforcado)
X (um analfabeto)
O meu noivo é um Monstro (a Bela)
Gosto da humanidade (um canibal)
Não vejo a hora de me ir (um cego)
Basta de humor negro (Ku Klux Klan)
A minha noiva é uma cadela (Pluto)
És a única mulher da minha vida (Adão)
Avariou-se o despertador… (Bela Adormecida)
É melhor dar que receber. (um boxeur)
Levantarei os caídos e oprimirei os grandes (o soutien)



Um abraco a todos e que o nosso Amigao vos mantenha sempre no Seu amor
Vosso mano tugacoreano

EU

Sunday, October 15, 2006

Nas vesperas da viagem `a Tailandia...

Yokkok, 15 Outubro

Anyong, pessoal!
Pois é, nem imaginais o quanto ando feliz da vida. Claro, parte da felicidade pessoal é o facto de se amar o que se faz e, no meu caso, posso dizer-vos que amo imenso esta missão que o nosso Amigão me tem proporcionado. Trabalho não me tem faltado, mas também não tem faltado nem vontade nem inspiração para o fazer. Neste campo da inspiração, o nosso Amigão tem sido particularmente fenomenal para comigo, pois terminei de escrever o livrito de meditações diárias para a Quaresma. Sim, são 40 meditações, 40 orações e 40 perguntas para reflexão. Este é um trabalho que tenho feito sem recorrer a livros ou outro tipo de ajuda há já alguns anos. E como todos os anos as leituras são praticamente as mesmas, não é um trabalho fácil. Mas socorro-me sobretudo da minha experiência pastoral, bem como das amizades que vou fazendo por cá, através das quais tenho a possibilidade de conhecer mais e melhor o coração e a mente desta gente; claro, não sou um especialista, nem de longe, mas creio que conheço relativamente bem a experiência de vida e de fé para as ajudar a reflectir sobre o Mistério Pascal (paixão, morte e ressurreição de Cristo). Não é um motivo de orgulho, mas sim um impulso para continuar a dar o meu melhor o facto de várias pessoas me terem dito o quanto apreciam o mesmo.
Bom, assim que estando o livrito escrito, em Novembro será traduzido, em Dezembro publicado e em Janeiro começarei a vendê-lo; mas dado que irei ao Quénia, o outro tuga encarregar-se-á de os vender durante a minha ausência. Com ele, padre Pedro, fui visitar no passado dia 11 o nosso embaixador, o qual cessará funções aqui na Coreia a meio do mês que vem. Por mais impossível que pareça, este ano só o conseguimos encontrar uma vez. Seja ele que nós estamos bastante ocupados e, como tal, não deu para conciliar datas. Nem mesmo no dia de Portugal pudemos estar presentes, pois quando nos preparávamos para ir para Seúl, caiu de repente uma chuva torrencial, um autêntico dilúvio de proporções bíblicas e, como tal, não deu par ir. Enfim, a verdade é que é um homem impecável e muito dado aos missionários, pois sabe que somos os que mais e melhor conhecem uma cultura. Bom, espero que o próximo seja acessível, pois o anterior jamais se interessou por nós. É pena que, sendo os tugas presentes aqui na Coreia menos de 20, nunca se faça nada para os juntar! Esta é uma das razões porque adoro fazer a missa com os brazucas uma vez por mês, pois assim mato saudades da nossa língua. E embora a feijoada tuga seja melhor, a brasileira não fica muito atrás… eheheheh
Bom, preparei também o nosso calendário missionário, o qual será baseado nas orações missionárias do Papa para o ano de 2007. No próximo mês terei 2 fins-de-semana missionário, incluindo na paróquia de um ex-pároco meu, o qual encontro de vez em quando para um tachito e um cinema; dado que vai sair da actual paróquia, pedi-lhe para o fazer lá. Encontrei-o ontem, juntamente com uma senhora da paróquia onde eu e ele trabalhámos juntos por 2 ano, a qual foi a minha primeira experiência para praticar a língua. Encontrei também a semana uma senhora amiga de longa data, a qual fez uma peregrinação à Europa (percorreu vários países, 5 ou 6, em 12 dias: loucura a que os coreanos estão habituados!); trouxe-me 4 caixas pequenas de chocolates belgas deliciosos. Parecem mousse de chocolate em versão … como se diz… ai o meu português!!! Em versão de cubinhos, sei lá… O que sei é que são uma delícia!!! Alguns coloquei ao dispor e prazer dos meus manos, outros vou consumindo aos poucos por minha conta. Sim, de vez em quando a missão precisa de ser adocicada…
A primeira foto que coloco hoje foram tiradas uma com freirinhas que costumo visitar uma vez por mês para lhes fazer o retiro (uma meditação de quasde uma hora, em coreano, claro); vieram visitá-las a madre geral (a "velhinha" do meio) e a vice, a qual trabalhou na Coreia durante vários anos e a quem trato por “tia” (e' a primeira da esquerda). Sim, é mais uma tia… e uma das poucas freiras por quem tenho muita consideração e afecto. É que, caso não saibais, com freiras não vou lá muito, pois a maioria são ultra-conservadoras e “complicadas”. Mas com as que me dou bem, dou-me bastante bem.
A segunda é a de uma das criancas da creche que as irmas tem na casa delas. Esta' muito fofa, nao esta'? Esta e' uma das minhas criancas preferidas... Quanto `as foto da flores, encontrei-aa na nossa casa do centro de diálogo inter-religioso e arredores, onde fazemos o nosso retiro mensal. Sim, adoro fotografar flores, pois são para mim uma das expressões mais concretas e maravilhosas que Deus usa para nos mostrar a Sua beleza. Mas adoro mais as criancas, pois claro, pois sao, no meu ver, A EXPRESSAO MAXIMA DA BELEZ E AMOR DE DEUS PARA CONNOSCO!
Bom, amanhã irei visitar, com alguns manos meus, um templo budista bastante bonito; estive lá há uns meses atrás e gostei imenso, tanto que o propus como motivo para o nosso passeio de amanhã. Fazemo-lo sempre que um mês tem 5 segundas-feiras. Na 3a feira irei comprar algumas prendas coreanas para oferecer aos missionários italianos que me darão hospedagem aquando da minha estadia em Bangkok, bem como a um brasileiro que me encontrou estadia no centro diocesano de Chiang Mai, a cidade onde terá lugar o congresso missionário asiático e que visitarei por 2 dias após o mesmo. Visitarei também uma freirinha que é quase metade de mim, mas de uma simpatia extrema: conheci-a na comunidade do noviciado da congregação dela, quando eu vivia em Okil-tong (na nossa comunidade do diálogo inter-religioso: estive lá uns 3 anos, até setembro do ano passado). Das várias que conheci ficou a amizade dela e a de uma sua superiora, a qual faz mais de um ano que não encontro, pois vive e trabalha no sudoeste da Coreia.
E na 4ª feira, se Deus quiser, partirei para a Tailândia às 9.30h da manhã; não sei quantos coreanos irão participar, mas são cerca de 20 ou quase. Uma senhora que traduz parte da nossa revista também participará, pois faz tradução; é membro dos Focolarinos, um movimento católico que tem como carisma a unidade. O brasileiro que encontrarei em Chiang Mai também é da “seita” (sim, trato-os por “seita”, mas não de forma depreciativa: é só para o gozo, pois 2 colegas meus são membros do movimento e, como acho que não deveriam sê-lo, gozo-os e chamo-os de sectários… Enfim, é uma história longa!).
Mas estou mais contente porque um dos meus colegas que trabalha na Mongólia, padre Giorgio, também irá participar no congresso, como membro da delegação daquele país. Será uma alegria enorme revê-lo, pois passámos uns dias inesquecíveis na Mongólia, como já vos disse.
Bom, vou ficar por aqui, pois é tarde e já falei demais…
Mais uma vez, espero que estejais bem.
Permanecemos unidos na amizade e na oração
Vosso mano

Álvaro

Sunday, October 08, 2006

Surpresas...

Yokkok, domingo 8 outubro 06

Olá, pessoal!
Pois é, faz tempo que não dou notícias, verdade? Bom, a razão é simples: trabalho! Felizmente, tenho óptimas razões para andar ocupado: estive no fim-de-semana de 30/9-1/10 no sudeste coreano, mais precisamente em Pusan, cidade onde costumo ir passar uns dias de descanso duas ou três vezes por ano. Mas desta vez não foi para descansar, mas sim para trabalhar: falei da missão, do nosso Instituto, da vocação missionária de cada cristão, da nossa revista, de modo a “angariar” mais benfeitores. Não me saí nada mal, graças a Deus. Veio comigo o outro tuga, Pedro Louro, pois tínhamos também um encontro com alguns benfeitores nossos daquela zona. Fizemos a missa com eles e mostramos-lhes fotos da nossa viagem à Mongólia. Enquanto que eu fiz a homilia missionária em todas as missas da paróquia, ele fez a dos nossos benfeitores.
Entretanto, tenho andado ocupado não só com a revista, mas também com o calendário missionário que ofereceremos a amigos e benfeitores no fim do ano; já tenho todas as fotos e estará pronto a meio de Novembro. Porquê só nessa altura? Porque de 18 a 29 deste mês estarei… na Tailândia!!! Sim, tive a “sorte” (bênção de Deus!) de poder ir participar no Congresso Missionário Asiático, o qual terá lugar em Chiang Mai, uma cidade no norte da Tailândia (fica a uma hora de avião da capital Bangkok); durará 4 dias, após os quais ficarei 2 na mesma cidade de modo a conhecer um pouco a zona e uma experiência de diálogo inter-religioso entre católicos e budista. Um dos que estão empenhados neste campo é brasileiro e é quem me conseguiu alojamento no centro diocesano da cidade. Depois, irei para a capital, onde ficarei de 3a feira à tarde até domingo à noite (24 a 29); irei ficar hospedado na casa dos missionário italianos do PIME; com eles farei um artigo sobre o trabalho deles ali, bem como da presença da igreja Católica no país. Claro, irei fazer milhares de fotos…
Hoje à tarde fiz a missa com um pequeno grupo de brasileiros (faço com eles uma missa por mês), no apartamento de um casal (ele está fazendo mestrado aqui e ela veio para não ficar longe); dado que eles estiveram na Tailândia faz um mês e tal, emprestaram-me um guia da Ásia central, Tailândia incluída. Já o comecei a “devorar”, claro! Aqui da Coreia irão quase 20, entre padres, religiosos e leigos; uma das tradutoras da nossa revista irá também, pois fará de intérprete. Não vejo a hora de partir, pois estou certo de que sera não só uma “prenda” incrível do nosso Amigão, mas também uma experiência inesquecível. Terei também a possibilidade de partilhar a minha experiência de fé com católicos de outros países da Ásia, pois o congresso sera feito em “workshops” (trabalhos em grupos). Creio que irão participar cerca de 1000 pessoas, provenientes de praticamente todos os países da Ásia central e oriental, mais Oceânia.
Claro, depois contra-vos-ei tudo tim-tim pot tim-tim.

Mas… as surpresas não terminam aqui! Recebi na semana passada um mail do nosso vice-superior geral, convidando-me e a outros editores das revistas missionárias do nosso Instituto (incluindo a Fátima Missionária, do nosso Portugal), para um Fórum social, bem como um encontro dos editores uma visita às zonas históricas do nosso Instituto… thcham tcham tcham… no QUÉNIA!!! Para quando? Para Janeiro do ano que vem. Ou seja, falta pouco. Esta é mais uma razão para o tanto trabalho destes últimos tempos. É claro que não perderei esta oportunidade e dom do nosso Amigão, pois sempre sonhei visitar a África. Confesso que quando entrei no Instituto o meu sonho era trabalhar lá, mas durante os estudos de teologia em Londres, o sonho virou-se para a Ásia e para a América Latina. Ou seja, depois da Coreia espero poder ir trabalhar ou no Brasil ou noutro país latino-americano. Mas isso fica para depois, certo?
É claro que tenho “andado nas nuvens da felicidade” nestes últimos dias, mas também tenho feito da minha oração um louvor contínuo ao nosso Amigão pelos dons que me tem concedido. Amo esta missão na Coreia, apesar das dificuldades; afinal, estou cá há praticamente 10 anos e com o trabalho que faço sei que posso ajudar muitas pessoas a ganharem uma consciência missionária, abrindo o coração e os horizontes ao mundo, sobretudo do ponto de vista missionário. Através da revista, tenho também a possibilidade de conhecer mais e melhor o mundo do ponto de vista de quem vive imerso nele de uma forma muito especial e profunda: os missionários. Sim, porque não comunico só algo aos coreanos aqui: também eu aprendo muito preparando a revista. Outra experiência que tenho feito desde a semana passada é a da prepração do librito de meditações diárias para a Quaresma. Sim, estou já a escrevê-lo, precisamente por causa da viagem à Tailândia; tenho assim a oportunidade de partilhar a minha experiência de fé com tanta gente; ao mesmo tempo, para escrever este livrito tenho de conhecer sempre mais o coração da gente deste país, sobretudo a nível da vivência diária de amor, fé, família, etc. É uma experiência muito enriquecedora, sem dúvida, pela qual não me canso de agradecer o nosso Amigão.
Bom, vou ter de parar por aqui, pois é tarde: eu já deveria estar no “vale dos lençóis, pois amanhã tenho missa cedíssimo: às 6.30h da madrugada, nas freirinhas do Hospital da Sagrada Família.
Espero que estejais todos bem. Quando puderdes, mandai notícias…
Um abração especial e bem coreano
Vosso mano

Fotos:
1-minha faz umas semanitas
2- com duas simpáticas miúdas d paroquia onde estive em Pusan
3- com os brasileiros após a missa
4- uma rosa iluminada (que estava numa pequena sala de visitas aqui em casa)

Thursday, September 14, 2006

Diario da viagem `a Mongolia 1

Caros amigos:
Ola'. Bem, custou mas sempre consegui publicar o diario da nossa viagem `a Mongolia. E' que o tinha escrito originalmente em italiano e, como tenho andado muito ocupado com o trabalho, so' agora me e' possivel publica-lo. Bom, deixo-vos entao o diario deste que foi uma das viagens mais incriveis que fiz ate' hoje e que, no contexto da nossa familia missionaria, foi uma das mais significativas. No fim do texto (2) explico-vos o porque... Boa leitura!

O nosso Instituto está presente em 2 países da Ásia Oriental: Coreia do Sul (desde 1988) e Mongólia (desde 2003). Sendo este um imenso continente, aqui na Coreia estávamos geograficamente muito distantes do resto nosso Instituto. Mas agora que temos “vizinhos” na Mongólia (a 3 horas de avião), o nosso estado de espírito mudou completamente. Assim, há 2 anos e no ano passado fizemos o nosso retiro anual de 5 dias e as férias comunitárias com os nossos manos e manas que trabalham na Mongólia, ao quais vieram cá nos visitar. Mas agora que eles são numericamente mais do que nós, tocou-nos fazer-lhes uma visita este ano. Deixo-vos um resumo do diário desta viagem incrível; sim, ADOREI IMENSO e este é também o parecer dos meus 6 colegas que lá foram comigo, não só pela Mongólia em si, mas sobretudo pela experiência de familiaridade vivida com os nosso manos padres e manas freiras que lá trabalham: foram impecáveis connosco e prepararam tudo ao pormenor para que esta fosse de facto uma experiência e um partilha memorável. Bom, aqui vai o diário da viagem…

9 agosto ’06
Partimos do aeroporto de Incheon às 8h da noite; viajava connosco o padre Gianni Colzani, um professor de Antropologia Teológica e Missiologia em Roma e Milão, o qual tínhamos convidado para nos orientar o tal retiro anual. 3 horas depois, aterrámos no Chenggis International Airport. Esperavam-nos 2 nossos colegas e, após chegar à nossa casa, tínhamos bolos preparados pelas freirinhas e um acolhimento muito fraterno. Após uma longa conversa, fomos nanar… pois eram quase duas da manhã. Tomámos de “assalto” os quartos dos nossos manos, os quais dormiram na cozinha/sala de jantar. Foi muito melhor assim, do que ficarmos hospedados numa qualquer pensão: uns no chão, outros mais repimpados numa caminha… como eu!!! eheheheh
10 agosto
Primeira visita à capital Ulaan Baatar. A casa dos nossos manos não fica longe do aeroporto e chegar ao centro da cidade é um rápido; só que naqueles dias a ponte de acesso ao mesmo estava em obras, como tal o tráfico era muito mais intenso e caótico. Se já em Seúl conduzir é uma aventura, então na capital mongola é como “arriscar a vida”!!! Mamma mia, nunca vi nada assim; claro, é natural quando em poucos anos se passa de montar a cavalo a segurar um volante!!! Ou seja, após a saída dos “colonizadores” russos, no início dos anos 90, a Mongólia sofreu profundas transformações, sobretudo a de se ver de um dia pró outro sem saber como utilizar o que os russos tinham construído; também houve o “choque” da democracia, ou seja, teriam de ser eles a tomar as rédeas do destino deles… o que não tem sido fácil, pois é um país muito pobre. Mas são muito orgulhosos e cheios de garra, por isso espero que se dêem bem com esta mudança. Outros elementos característicos da capital: não há praticamente placas com indicações (ou seja, ou és de lá ou então não podes ir a lado nenhum!!!), nem semáforos, nem sinais; os carros são 99,9% de 2a ou 3a ou até mesmo de 4a mão… e quase todas coreanas e japonesas (70% coreanas, uns 25% japonesas e o resto de outros países). Não existem cabines telefónicas, mas sim pessoas com um telefone na mão (literalmente, um telefone portátil!) ou com uma mesinha, espalhados por toda a cidade. Embora sejam muitos mais vistosos no Inverno, vi vários miúdos que vivem na rua, vítimas de uma pobreza terrível. Os autocarros são também de 2ª ou 3a mão, quase todos coreanos ou da velha Rússia; típicas são as carrinhas que transportam muitos mais passageiros que o permitido e que sobretudo viajam para for a da cidade; um tipo sai de dentro e berra, literalmente, berra as direcções do mesmo: quem o toma, paga antes de entrar e lá vão. Todas estas carrinhas são de marca coreana e do mesmo modelo, Grace, igual à carrinha que tínhamos nós aqui antes da actual. Estando as estradas mongolas em péssimo estado, uma boa parte dos carros são jipes 4X4, essenciais para quando se sai da cidade. Verei nas fotos que o estilo de paisagem mongola assim o exige! Quanto aos táxis, estão devidamente identificados, mas o curioso é que… qualquer automobilista pode ser um taxista: basta meter a zero o conta-km e depois o passageiro paga o devido preço, pois há uma tarifa conhecida por todos! Um dos elementos característicos do capitalismo é o uso dos telemóveis: não são ainda muito difusos, mas fiquei admirado pela quantidade de gente que o tem! Não só n capital, mas noutras pequenas cidades de província. Quanto à população, metade dos quase 3 milhões de mongóis vive na capital. E o número de gente que todos os anos entra na capital não pára de aumentar…
Bom, começamos por visitar o mosteiro budista de Gandan, um dos poucos que sobreviveram às destruições estalinistas; originalmente situado no centro da cidade, foi colocado no local actual em 1838. Na altura tinha cerca de 5000 monges, sendo um centro importante para aprendizagem e prática dos ensinamentos de Buda. Em 1938, os comunistas aboliram as comunidades religiosas na Mongólia, destruíram cerca de 900 mosteiros, transformando alguns em museus. Os restantes foram usados como residências dos oficiais russos ou como estalagens para cavalos. Em 1944, o mosteiro foi reaberto, mas o governo soviético controlava as funções e rituais praticados no mesmo. Só em 1990, com o fim da colonização soviética, o Budismo começou a expandir-se novamente. Actualmente, encontram-se cerca de 900 monges em Gandan, com 10 pequenos templos e “datsans” (tendas típicas mongolas onde se fazem vários ritos tântricos e outros). O budismo mongolo é de inspiração tibetana e contém muitos elementos do Shamanismo (religião tradicional, presente não só na Ásia, como em África e outras latitudes). No edifício central, encontra-se uma estátua alta 25 metros! É a estátua de uma deusa budista. Muitos dos monges são casados (elemento imposto pelos comunistas) e não vivem no templo.
Depois de um almoço tipicamente mongolo (o qual é sempre à base de carne de ovelha, vaca ou outro animal, mas raramente galinha e nunca porco), visitámos o Museu de História Nacional, bem como a praça diante do Parlamento; mesmo em frente à entrada do Parlamento encontra-se uma enorme estátua do Ghenggis Khaan, feita esta ano para celebrar os 800 do dito cujo. À tardinha, celebrámos a missa numa pequena capela perto do aeroporto, num bairro de lata; os católicos, ou melhor, baptizados são 2 ou 3; os restantes são catecúmenos (ou seja, estão recebendo formação para depois receberem o baptismo). E são todos muito jovens, como podereis ver nas fotos. Fiquei parvo com o domínio da língua mongola demonstrado pelo nosso colega Giorgio, um dos primeiros a iniciar a nossa presença naquele país. Faz só 3 anos que lá está, mas domina já muito bem a língua, se bem que tenha dito que era ainda de um nível muito normal… Fosse normal ou não, o que é certo é que a lingual mongola parece ser mais fácil do que a coreana, pois aqui um só se pode dar ao luxo de falar tão naturalmente depois de 5 anos!!!
Terminada a missa e o momento de estarmos juntos com os “locais”, fomos para a casa das freirinhas, as quais non prepararam uma deliciosa pizza. Mamma mia, como estava boa!!! É que era pizza caseira, não a “falsa” do Pizza Hut ou outros restaurants que dizem vender pizza. Noutras palavras, era como se a comessemos na Itália. Depois de uma “chiaccherata” (conversa), fui ainda com o Giorgio ao aerporto, buscar o superior, Ernesto, o qual tinha ido a Hong Kong com vários jovens mongolos participar no encontro asiático dos jovens.

11 – 16 agosto
Partimos para o retiro anual, o qual foi feito num campo de “gher” (típica tenda mongola, na qual vive metade da população… claro, cada família tem uma, não um milhão deles numa só! ahahahahah). Este campo turístico fica a quase duas horas da capital, em direcção a leste. O tema do retiro foi a Missão, porém ficámos todos bastante insatisfeitos com o conteúdo do mesmo, pois dado que o tal padre italiano é professor de universidade, ele limitou-se a dar-nos aulas obre a história da missão e não um retiro! A meio caminho ainda lhe dissemos para mudar de estilo, mas era tarde… Porém, pessoalmente pude tirar proveito não do que ele disse, mas do que tinha preparado para o mesmo, pois afinal de contas quem faz o retiro somos nós e não o pregador: ele pode ajudar (este é, geralmente, a sua função), como pode não ajudar; neste caso, não ajudou muito, mas pude fazer uma boa experiência. Para tal contribuiu a incrível paisagem mongola, a qual é simplesmente uma maravilha: extensões enormes, prados verdejantes, animais em liberdde aqui e ali… e então à noite é que foi mesmo lindo, pois assisti numa das tardes ao pôr-do-sol mais lindo que vi até hoje e, no dia seguinte, assisti pela primeira vez a um nascer do sol; e quanto às noites, eram sempre mega-estreladas!!! Foi, de facto, uma experiência de encontro com Deus através da natureza que jamais esquecerei. Podeis constatar pelas fotos no sito que depois vos indicarei’ algumas deles estão aqui no texto, precisamente para que possais ter uma ideia do que falo! No fim do retiro, fizemos um jogo de futebol… no qual também participei. Coreia contra Mongólia; perdemos 3-2, com 2 golos deles marcados pela irmã Lúcia, italiana! Mas serviu-me de consolação ter feito o melhor golo da partida. Claro, após 4 anos sem nunca ter jogado fiquei todo partido: por causa da operação ao joelho eu não deveria ter jogado, mas não deu para resistir; claro, joguei com cuidado para não me magoar. Andei depois quase 3 dias com as pernas doridas, mas valeu a pena!!! No fim desta partida, uma das experiências mais giras: passeio a cavalo! Acho que o meu, por ser pequeno como todos os outros, apresentou a demissão ao fim da hora de passeio, pois acho que nunca tinha tido uma “besta” como eu montado nele!!! No fim, antes de regressar a casa, assistimos ao “Nadam” das crianças: na Mongólia as festas nacionais chamam-se Nadam e estas incluem uma corrida de cavalos de 20 e tal km; durante a mesma, vários cavalos morrem devido ao esforço e este ano morreu também um cavaleiro; há a versão dos adultos e a das crianças. Assim, os donos do nosso campo turístico organizaram com alguns da zona esta corrida, para termos uma ideia do que é o Nadam. Foi impecável. É incrível a agilidade e habilidade das crianças montando a cavalo; claro, quase todas começam a montar aos 3-4 anos!

Wednesday, September 13, 2006

Diario da viagem `a Mongolia 2

17 agosto
Começamos o nosso passeio a Ulaan Baatar com uma visita ao bispo Wenseslaus, filipino e um dos primeiros missionários a chegar à Mongólia há 14 anos atrás. Acolheu-nos muito familiarmente e contou-nos a sua experiência missionária, bem como a história desta jovem Igreja católica mongola. Conta com 345 católicos, mais de 100 catecúmenos (que se preparam para receberem o baptismo), 3 paróquias, 5 capelanias e muitas actividades de carácter social e caritativo. Visitámos em seguida o Museu de História Natural, onde a atracção principal são os fósseis de dinossauros encontrados na zona do deserto dos Gobi (no sul da Mongólia). À noite, antes da janta, assistimos a um espectáculo de música e danças tradicionais… o qual foi verdadeiramente um espectáculo!!! São muito mais vivas do que as nossas músicas coreanas… Encontrámos ali 3 italianos que estavam viajando por estas bandas: tinham feito a Transiberiana (combioio que atravessa toda a Rússia e chega até à China!!!) e regressariam a casa partindo de avião na China. Vieram connosco para jantar na casa das irmãs uma deliciosa macarronata!
18 agosto
Iniciámos a nossa viagem de 4 dias em direcção ao sudoeste, para visitar a cidade, Harweher, onde os nossos colegas irão iniciar a segunda comunidade. Será a primeira presença católica naquela cidade de 22 mil pessoas. Infelizmente, as nossas freirinhas não puderam vir connosco. Apenas for a da cidade, deparámos com extensões imensas de estepes desabitadas; são poucos os centros habitados: o característico é uma “gher” aqui, outra a vários km de distância… Encontrámos pela primeira vez camelos; numa zona, há uma faixa de areal que se prolonga por várias centenas de km: algo insólito, pois é uma longa faixa de areia em meio dos prados imensos. A nossa primeira etapa é a cidade de Karkhorim, antiga capital do império mongolo (ao tempo do Ghenghis Khaan) que foi depois destruída pelos chineses. A cidade é agora famosa pelas muralhas e pavilhões que restam do templo budista, o qual era outrora esplendoroso; chama-se Ertene Zuu e data de 1600. À noite, por causa do frio que faz, decidimos não dormir em tendas, mas sim num campo de “gher”. A casa de banho é uma “barraca” com o buraco no meio, escavado na terra; sim, estávamos experimentando o que é ser mongolo a 99%, pois a 100% é… ao ar livre, atrás de uma qualquer colina!!! O duche ficava para o dia seguinte…
19 agosto
Antes de deixarmos a cidade, visitámos um monumento dedicado a Ghenghi Khann, no qual estão representados os períodos da conquista do império mongolo, o qual chegou até à Europa!!! Incrível como um exército a cavalo, tendo partido desta remota parte do mundo, tenha conseguido semelhante façanha! Depois do almoço tipo pic-nic a caminho da próxima paragem, chegámos a um templo budista construído séculos atrás no topo de um colina rochosa. São vários os “indígenas” que o visitam, sobretudo idosos. Neste templo viveu, por um tempo, o primeiro líder budista mongolo, o qual é uma das figuras proeminentes desta nação: era não só monge, como filósofo, escritor, e portador de outros títulos. Enfim, era um “cérebro” e pêras! A subida para o templo pode também ser feita, em parte, a cavalo: eu fi-la, mas como os cavalos são pequenos e a sela era apertada, decide regressar a pé. O pobre do cavalo também pediu demissão após a chegada ao cimo, pois poucos “indígenas” têm o meu porte… Dali partimos para outro campo de “gher” situado ao lado de uma cascata famosa na Monólia, creio que por ser das poucas existentes. Neste campo foi possível tomar banho e jantar como num restaurante: o tacho estava uma delícia!!!
20 agosto
Começamos por visitor a dita cascata, antes de continuar a nossa viagem. Para viajar por onde viajámos são necessárias várias coisas, mas duas são fundamentais: ter um bom jipe todo-terreno e um “indígena” que conheça bem as estradas ou então que saiba perguntar e acertar com o que lhe foi dito por parte de quem habita na zona. Aparece então um dos momentos mais marcantes desta viagem, bem como o único triste e incrivelmente desumano: deparámos com um vale imenso cuja terra foi esventrada para que milhares de pessoas procurem o “pó precioso”, ou seja, ouro! Muitos estão ali vai fazer 2 anos e as condições de trabalho e de vida são horrorosas e desumanas; há famílias inteiras ali, muitas crianças e mulheres cujo semblante é triste e sujo de tanto pó… Nunca tinha visto tal! Infelizmente, é uma situação que atrai muita gente, pois a maior parte dos mongolos são pobres. E para fugir à miséria muitos estão dispostos a tudo ou quase tudo… Ficámos todos muito tristes ao depararmos com esta situação, sobretudo os nossos colegas que estão na Mongólia, pois aquela zona pertence, em teoria, à área da cidade onde irão trabalhar. Os locais chamam a estas pessoas “ninja”, pois muito carregam um balde (para com a água separarem a terra do ouro), imagem parecida com as famosas tartaruga-ninja.
À noite chegámos finalmente a Harweher, que é capital de região. A casa que os nossos colegas alugaram não está ainda pronta a 100%, por isso não pudemos dormir nela; esperemos que esteja pronta para finais de Setembro. Jantámos ali perto e fomos depois dormir num pequeno hotel ali perto; de hotel só tinha nome, mas mesmo assim tinha boas condições; era mais propriamente uma pensão. Mas antes da nana joguei ainda bilhar com alguns colegas e o motorista mongolo.
21 agosto
Começamos o dia com uma visita ao museu e ao mercado local. Adorei, pois fiz boas fotos e, como gosto do que é tradicional e característico de uma região ou nação, pude ver muitas pessoas com trajes tradicionais, bem como a vida como é vivida na região. No mercado, haviam também produtos chineses, russos e coreanos; este mercado é o principal fornecedor da região. Para nosso espanto, vimos alguns cadernos com artistas coreanos na capa
Bom, quanto à nossa presença missionária, ela será a primeira católica em absoluto na região. Desejámos aos nossos colegas muitas felicidades e sorte, pois sabemos que não será nada fácil trabalhar ali. Retomámos a estrada de regresso à capital, desta vez pela estrada asfaltada e mais directa, se bem que durante uma boa parte do percurso a viagem tenha de ser feita não na estrada mas ao lado, em estradas de terra feitas por gente que não suportava os intermináveis buracos; assim, criaram-se estradas alternativas não planeadas pelas autoridades locais. Depois de várias horas de viagem, intervaladas por paragens para comer ou “mudar o óleo” ou esticar o pernil… eis que avistámos a capital! Infelizmente, os nosso colegas ainda não tinham água quente, mas valeram-nos as freirinhas que tinham aquecido várias panelas dela… Foi um dos melhores banhos que tomei em toda a minha vida!!!
22 agosto
Bom, último dia na Mongólia. Como dizia o outro, “tudo o que ’e bom acabada depressa!” Mas como é assim mesmo, o importante é, como digo eu, que tenha acabado bem! Certo? Cansados da memorável viagem, decidimos dormir um pouco mais e tomar as coisas com calma: assim, após um bom descanso, fomos cumprimentar o padre Kim, nosso “conterrâneo” coreano, o qual é pároco da paróquia dos nossos manos e manas. Eu tinha-o entrevistado para a nossa revista o ano passado aqui na Coreia, pois ele tinha vindo angariar fundos para construir a igreja que vimos em fase de construção. De momento, celebra a missa e outras funções numa grande “gher”. Em seguida, fomos ao centro da cidade fazer compras de lembranças para amigos e família. À tarde, após uma boa sesta, fomos celebrar a missa na paróquia onde tínhamos estado de manhã; os participantes eram quase todos catecúmenos muito jovens, crianças incluídas, e surpreendeu-nos a devoção e entusiasmo com que participavam e cantavam. Impressionou-nos também ver o nosso mano Giorgio, um dos primeiros a iniciar a nossa presença na Mongólia, falar o mongolo com um à-vontade espantoso. Ele dizia que tinha ainda um nível muito simples, mas era modéstia sua, pois todos dizem que fala muito bem. Quem nos dera que fosse assim com o coreano…
Antes de partirmos para o aeroporto, pois o voo era às 11h da noite, convidámos os nossos manos e manas da Mongólia a um jantar de agradecimento: fomos a um restaurante famoso na capital, se bem que a fama de churrascaria seja só isso mesmo: fama, pois não fazem a carne ao estilo de churrasco. Enfim, o importante foi agradecermos aos nossos manos e manas pela fantástica experiência que nos proporcionaram. Jamais a esqueceremos, sobretudo eu, pois ADOREI A 100%!
E como tudo na vida, também a nossa viagem à Mongólia chegou a seu termo. Chegava a hora de regressarmos à humidade horrível da nossa Coreia, deixando para trás as frescas e secas noites mongolas. Veremos como continuar estes nossos contactos no futuro, mas certamente terá sido a primeira e última vez que fomos lá em grupo tão numeroso. Tudo o resto que não vos pude contar são os gestos diários de simpatia, de atenção, de detalhes que fizeram com que esta nossa visita fosse um encontre de família, um visitar a nossa própria casa. Assim, sentimos agora mais do que nunca a Mongólia como parte de nós! Nossa Senhora da Consolata está presente na Ásia e quer-nos muito, a nós seus filhos e ilhas missionárias.
Bom, quanto às fotos, mandar-vos-ei por e-mail o sito onde elas se encontram. Mas convém que leiais este diário, de modo a entenderdes cada uma delas.
Despeço-me por hoje com um abração mega… e se algum de vós algum dia tiver a oportunidade de ir à Mongólia, recomendo-vos a 100%. Claro, mas primeiro tereis de passar por cá…

Saturday, September 02, 2006

Reflexoes de um sabado `a tarde...

Paroquia de OjongDong, 2 Setembro 06

Anyong, pessoal!
Pois e', e' sabado `a tarde e aqui estou eu diante do computador escrevendo um pouco mais este meu blog. Um meu ex-paroco pediu-me que o substituisse na sua paroquia durante este fim-de-semana e de 3a a 6a feira da poxima semana. Assim, como somos bons amigos, aqui estou para que ele possa tirar uns dias de ferias. Umas amigas que me visitaram aqui na Coreia conhecem-no: e' o padre Joaozito.E' uma seca estar sozinho, mas tambem nao e' por muito tempo; de facto, esta noite irei fazer um pouco de ginastica com uma amiga (a qual como eu precisa de exercicio fisico), enquanto que amanha `a tarde encontrarei uma outra, a qual fala portugues. Assim, faco algo do que mais gosto: estar com as pessoas e partilhar Deus com elas. Na proxima semana encontrarei outros amigos, pois trouxe-lhes uma lembranca da Mongolia e quero partilhar com eles as fotos que la' fiz. Com todos voces estou prestes a fazer o mesmo, pois ainda nao acabei de coloca-las todas num site que depois vos indicarei, de modo a que possais desfrutar (ainda que so' por imagem) a beleza da Mongolia e o que por la' vivi em duas semanas. No meu proximo blog descrever-vos-ei o que por la fiz e vi.
Esta manha falei com um amigo brazuca e confirmei com ele a missa de setembro com os brazucas: sera' no proximo doming, dia 10, na casa de uma senhora casada com um coreano; ela esta' ca' faz mais de 30 anos. E dado que esta semana que vem havera' um pequeno festival de cinma brasileiro, penso ir ver um filme dia 7, pois e' tambem o dia da independencia deles da nossa colonizacao. Mas nao penseis que a minha vida e' so'... boa vida: no domingo passado fiz a homilia em 5 missas numa paroquia de Seul, onde estao 2 padres mexicanos super-simpaticos e muito boa gente; falei das missioes, do ser-se missionario e convidei as pessoas a assinarem a nossa rvista. Foram 91 os que o fizeram: nada mal! Ate' eu fiquei admirado... Valeu o esforco, pois e' muito cansativo: se fosse numa lingua mais facil seria menos exigente, claro. No fim deste mes terei outro fim-de-semana missionario, numa paroquia em Pusan (sudeste coreano).
Esta semana quevm terei de comecar a preparar os textos da poxima revista, e antes de outubro sera' a vez de comecar a preparar o texto do... libreto quaresmal do proximo ano!!! E', o tempo passa correndo e, como tal, nao posso descuidar-me... Nao sei se conseguiremos vender tantos livros como este ano, mas farei o meu melhor. E em outubro tenho uma outra viagem especial: sim, irei participar no Congresso Missionario Asiatico, de 18 a 22, que tera' lugar numa cidade da... Tailandia!!! Mamma mia, estou muito contente por esta oportunidade; ira' tambem um colega meu italiano que trabalha na Mongolia, bem como uma das senhoras (sao duas, mais dois senhores) que traduzem a nossa revista.
Terminado o congresso, ficarei uns dias por la', provavelmente em Banguekok, para conhecer a realidade da Igreja catolica naquele pais e, claro, para fazer de turista e tirar muitas fotos. Estou muito entusiasmado, claro!!! Mais para a frente dir-vos-ei com mais detalhes...
Bom, vou ficar por aaqui. Deixo-vos algumas fotos de grupo tiradas na Mongolia, assim podeis ter uma ideia do que por la fiz com estes meus manos e manas incriveis que Deus colocou do meu lado... ou melhor, eu gostaria de colocar ums fotos, mas nao sei porque razao esta "trta" do pc nao me faz o download!!! Enfim, tento mais uma vez, senao vai mesmo sem fotos... e assim desculpais-me, ok?
Ficai bem e que o nosso Amigao vos proteja, sempre
Vosso mano coreano

Friday, August 25, 2006

Suando a potes...


Yokkok, 26 agosto 06
Anyong, pessoal!
Sim, estou de volta `a minha Coreia, apos duas semanas simplesmente incriveis na Mongolia, passadas com 6 colegas meus e com os nosso padres e irmas que trabalham na Mongolia.
Porem, nao sera' hoje que vos falarei desta aventura fantastica, pois e' sabado e esta tarde iniciarei uma animacao missionaria num paroquia de Seul. Espero fazer muitos novos benfeitores, mas sobretudo fazer passar a mensagem de que amissao e' muito e os trabalhadores sao poucos... e que estes precisam da ajuda de todos. Bom, a ver vamos...
Para vos deixar alguma "agua na boca", coloco alguma das fotos que fiz na Mongolia; a proposito, fiz quase 1600! Claro, nao todas sairm bem, muitas alias estao desfocadas (e ja' apagadas) porque tiradas com o jipe em movimento.
Mas depoi contar-vos-ei tudo com calma e muito detalhe.
Enquanto vos escrvo, suo a potes; sim, detesto o verao coreano, pois embora nao faca tanto calor como em Portugl, a humidade e' de niveis altissimos: mesmo parados e `a sombra, um nao para de suar!!! E `a noite entao e' que e' suar...
Bom, anyong e ate' mais logo.
Despeco-me com um abracao mega
Vosso mano coreano
EU

Tuesday, August 08, 2006

Mongolia, aqui vou eu!!!


4a feira 9 Agosto 06
Anyong, pessoal!
Pois e', passa-se o tempo e estando tao ocupado... quando dei por ela chegou este dia e, como tal, nao poderei escrever mais, a nao ser este bocadinho. Sim, estou de malas aviadas para a Mongolia, pais onde os nossos colegas padres e irmas trabaham desde ha` 3 anos.
No meu regresso contar-vos-ei tudo, ok?
CXomo infelizmente la' nao ha' praias, espero que nao faca tao humido como aqui... senao vai ter que ser a balde, como o tareco da foto (as trombas dele estao o maximo, nao acham??? ahahahahahahahah)
Despeco-me com um abracao mega e peco-vos uma oracao...
Ficai bem e que o nosso Amigao vos abencoe sempre
E cuidado com o sol...
Anyong!!!

Friday, August 04, 2006

Recordando o passado (2)

Como explica que a Igreja tenha perdido força, tenha falta de recursos humanos, quando tem aparecido novas igrejas ou seitas que conseguem atrair cada vez mais crentes?
Há necessidade da Igreja Católica ter um maior contacto pessoal, sobretudo nas grandes cidades. Quem vai a uma Igreja grande perde-se, não conhece as pessoas que lá estão, muitas vezes não podem falar com o padre porque não o encontram. Há pessoas que sentem necessidade de falar. Durante a minha estadia em Lordelo, vieram pessoas falar comigo para desabafar porque vêm que estou acessível. Há ainda a tendência da Igreja pensar que basta ter número.Outro problema é a falta de recursos humanos, há falta de vocações, há padres que estão a envelhecer, outros que tem que fazer várias paróquias. Os jovens não querem ir para padre. Creio que a Igreja precisa de um abanão para acordar um bocadinho pois teve algo adormecida, apoiada na fama e no poder que tem como instituição. Outro problema tem a ver com a família que mudou muito porque os valores também mudaram, os pais já não educam os filhos, são educados na escola ou na rua. A educação é menos religiosa. Muitas vezes os mais novos não tem o acompanhamento que deviam ter. Por vezes têm más companhias que os levam à droga ou a outras situações más. As pessoas só se preocupam em ganhar dinheiro. Assim, há um decréscimo na família como salvaguarda e transmissora de valores, que levou a sociedade a desinteressar-se da dimensão espiritual. Outra questão prende-se com a formação que é dada aos padres. Alguns julgam-se senhores do mundo e as pessoas afastam-se deles porque não conseguem conciliar as suas necessidades com a maneira de ser do padre. A formação a nível dos missionários é um bocadinho diferente porque nós temos a tendência para contactar melhor com as pessoas.A Igreja usa, ainda, um discurso inadequado. Temos que mudar a mentalidade, não podemos ter uma Igreja em cima e o povo cá em baixo. Tem de estar ao mesmo nível. Tem de haver uma inversão, o padre deve dar o exemplo de um Cristo que é servidor e não servido. A Igreja deve aproveitar a acção dos leigos, envolver todas as pessoas na sua acção. Em vez de dizer “tem que ser assim!”, deve dizer “como devemos fazer?”. A Igreja deve colaborar com as pessoas. O padre da paróquia deve dinamizar a comunidade, os jovens, auxiliar os doentes, ir ao café, enfim, fazer-se visível entre as pessoas para poderem dizer: “este é um dos nossos”. A Igreja deve ser activa e estar perto das pessoas. Há que haver uma mudança porque a sociedade também muda. As seitas religiosas fazem um forte contacto pessoal que a nossa Igreja muitas vezes não faz. O nosso discurso, por vezes não é o mais adequado. Eu conheço padres novos que só falam de teologia; têm que ser mais terra a terra, ouvir o eco das pessoas. Ainda há pessoas que têm medo de falar com o padre. Mas nós padres, não somos mais que os outros, temos é uma experiência que as pessoas não têm. A Igreja tem que dar um grande salto neste aspecto: abrir mais, escutar o que o leigo tem para dizer. A Igreja deve atribuir mais responsabilidades aos leigos, sobretudo às mulheres que são as que vão mais à Igreja e as que tem menos responsabilidades dentro delas. Estou contra isso. Podíamos dar mais voz às mulheres porque são elas que mais constituem a vida da Igreja. A Igreja pode melhorar a nível de base começando pela auto-formação. Eu fui formado num seminário para missionários, com mais abertura. Uma vez fui a um seminário diocesano e aquilo parecia um quartel militar. É preciso mais abertura.
Acha que vai andar por lá muitos anos com a mesma vontade que tem hoje?
Claro que sim. Ainda estou a começar na Coreia. Estou lá há 6 anos e sei que vou ficar mais outros tantos pelo menos. Depois gostava de experimentar a América Latina, é uma outra cultura, tenho colegas latino-americanos. África já não me interessa tanto. Sou um missionário que tenta coisas novas. A Ásia, a Coreia, é completamente novo para a Igreja. Eu decidi arriscar. Sabia que a língua era difícil. Verifiquei que ainda era pior que aquilo que eu pensava. Houve dias que pensei “quem me mandou para aqui, porque não fui para o Brasil ou para outra terra”, mas aceitei o desafio. Agora estou a fruir muito mais porque custou muito ao início. Tive quase um ano sem poder fazer a missa em coreano...
Foi homenageado pela nossa terra. Acha que Lordelo está no bom caminho em termos de apoio social, nível cultural, na mobilização da juventude para actividades e iniciativas que promovam o ideal cristão e o desenvolvimento da nossa freguesia?
Na minha ausência, constato que Lordelo mudou a nível de casas, de habitação. As ruas não são tão boas como deveriam ser. Há muita juventude, ouvi dizer que havia grupos de jovens, mas não vi nada, ninguém me contactou para falar com os jovens da terra. Fiquei contente com o Centro de Dia, é importante porque apoia os idosos, a solidão é um problema muito grave na nossa sociedade. Fiquei contente com a existência de uma biblioteca, a questão da informação e da comunicação é de primaz importância. Lordelo está a crescer, mas é preciso um espírito aventureiro, ir para outras zonas e com essa experiência enriquecer Lordelo. Temos alguns padres lordelenses no estrangeiro – Brasil, África, Coreia – e em Portugal e parece-me que somos mal aproveitados. Devia haver um elo de ligação entre os nossos padres que estão lá fora e a nossa freguesia. Lembro-me que em Itália existe um jornal que chega a todos os emigrantes daquela zona... Uma iniciativa que pretendo abraçar é colaborar com as publicações da nossa terra. O senhor Fraga pediu-me para colaborar com a revista “Presença” da Lord e eu aceitei. É uma forma de abrir os horizontes das pessoas; Lordelo não é só as guerras que tem com Rebordosa, mas é uma freguesia que tem gente que pode ser melhor aproveitada. Tem que se investir muito nos jovens. Vi jovens nas jornadas culturais. Espero que eles façam mais pela terra pois eles têm muito para dar mas é preciso que lhe dêem oportunidades. Lordelo deve crescer, não apenas com prédios – agora discute-se se vai ser cidade ou não –, não é dar nas vistas, mas fazer algo de positivo sem qualquer interesse político ou particular. Lordelo tem ainda, manifestações de um certo bairrismo que demonstra alguma ignorância. A famosa questão das festas é um exemplo. O mundo é muito mais, Lordelo não está isolado do mundo. Não interessa andar aí com vaidades, mas saber o que se pode fazer para contribuir para a terra.
O mundo que o rodeia é feito de muitas injustiças. Após tantos anos em prol dos outros e de Deus, acha que vale a pena continuar a sua missão?
Mais do que nunca. As pessoas só ligam ao Mal, o Bem não é notícia. Por vezes ignora-se que a Igreja e outras religiões estão muito empenhadas na acção social e evangélica – que não são notícias. Não se fala do missionário que perdeu a vida no Congo porque não fugiu da guerra. O amor pela violência é espantoso. Qualquer miúdo vê programas onde só há porrada e violência. No meu tempo víamos desenhos animados que falavam da amizade, do respeito pelo outro. Temos em nós a tendência para o Mal, mas não somos maus, somos bons porque Deus nos criou. Existe uma cultura da violência, do individualismo, do sensacional. Gostamos de ver um desastre enorme porque não somos nós que estamos lá; sentimos um certo fascínio. A comunicação social alimenta aquilo que nós gostamos de ver. Na televisão portuguesa, o horário nobre é preenchido por telenovelas. Ora, um povo alimentado a telenovelas não é inteligente, torna-se passivo, sem espírito crítico. As pessoas interessam-se mais por este tipo de programas do que pelas matanças e atrocidades que acontecerem, por exemplo, no Ruanda, e que acontecem noutros sítios. São indiferentes a essas atrocidades, está-lhes muito longe. Só lêem a Maria, a Caras, a Vip ou outras do género; as pessoas não gostam da vida delas e aspiram a uma vida que não é a delas, tornam-se alienadas, projectam a sua vida na vida dos outros. Assim interessam-se mais pela riqueza do que pela miséria dos outros. Interessa mais o Masterplan – como eu vejo em certos cafés – que o problema de Angola que saiu da guerra e precisa de reconstruir tudo. As pessoas preocupam-se mais por coisas comezinhas sem serem reivindicativas, tornam-se passivas. As pessoas devem reclamar quando tem razão. Olhar para a televisão não muda o mundo, o importante é a relação com os que estão à minha volta. Por vezes as pessoas interessam-se por Timor – e muito bem – mas esquecem-se dos seus vizinhos dos seus familiares. As pessoas vivem perto umas das outras, mas estão cada vez mais sós, sobretudo os idosos. A vida não é só fazer dinheiro, mas ser solidário com os outros. Quando morremos não levamos nada.
Até porque o Teixeira ainda não faz caixões com bolsos...
Exacto. Numa sociedade individualista cada um pensa só para si, mas a vida não sou só eu. Só lembrarmo-nos do sofrimento dos outros quando estamos na mesma situação. Quem vive nos apartamentos sente uma grande desumanização. O meu pai costuma dizer que a nossa família são os nossos vizinhos, devemos criar boas relações porque são eles que nos acodem quando estamos aflitos. Temos potencial para fazermos um mundo melhor, mas isso tem que começar para nós. O fundamental é cimentar boas relações inter-pessoais porque é aí que encontramos Deus. Deus não é um conceito vazio que aprendemos na catequese; Deus é relação, é amor pelos outros. M.C./V.L.
Bom, espero que tenhais gostado. A mim fez-me bem reler esta minha entrevista, pois ajudou-me a contextualizar o que estou viuvendo actualemente. Ou seja, acredito ser importante de vez em quando pararmos e analisarmos o modo como estamos levando a vida. E creio que um dos melhores metodos e' o de recordar as nossas conviccoes pessoais e ver ate' que ponto estamos ou nao sendo fieis a nos proprios.
Bom, termino com umas fotos divertidas, pois a vida nao e' so' feitqa de coisas serias... A primeira pode ser chamada de "Os 3 tenores", enquanto que a 2a expressa o que sinto neste preciso momento: uma enorme vontade de matar a minha sede!!! E' isso que vou fazer...
Ficai bem e ate' mais logo.
Anyong!

Recordando o passado (1)

Sabado, 5 agosto , 10.45h
Anyong, pessoal!!!
Mamma mia, nao imaginais a humudade e calor que faz por estas bandas!!! Nao paro de suar e mesmo com a ventoinha" nas trombas", o suor nao para!!!
Bom, faz dias que nao escrevo nada porque tenho andado deveras ocupado. Como hoje e' abado e tenho ja' o material do proximo numero da revista todo preparado, aproveito para fazer outras coisas; comprei ontem 3 t-shirts brancas, nas quais irei desenhar... tatuagens! Como nao da' para as ter no corpo, coloco-as na roupa; fiz ja' um teste e nao saiu muito bem, por isso espero ter aprendido algo com os erros cometidos... A ver vamos!
Bom, na verdade ontem `a noite tentei olocar algo aqui no blog, mas depois de tudo prontinho... a porcaria dos tipos do blog disseram haverem problemas tecnicos. Assim, tento colocar hoje; enquanto navegava na net procurando fotos para a revista , encontrei uma foto minha... de mim proprio, no Google (Alvaro Pacheco): foi tirada por um jovem da minha terra, o qul me fez uma entrevista em 2002 para o jornal comunista "A Farpa". Foi otimo rever o que lhe disse, pois falo das minhas motivacoes missionarias e de mais coisas... Assim, vou coloca-la aqui, mas em duas partes, pois como sou "fala-barato" a entrevista resultou enorme.
Colocarei tambem a foto que acompanhou o texto na segunda prte do mesmo. Mais logo falar-vos-ei do que fiz durante esta semana passada.
Aqui vai a primeira parte:
Entrevista ao Padre Álvaro Pacheco"A vida é uma missão"
Entre tantos afazeres e compromissos durante as suas férias na nossa terra, o Padre Álvaro Pacheco ainda teve tempo de conversar connosco sobre, entre outros assuntos, a sua experiência de padre missionário na Coreia do Sul e a sua opinião sobre a nossa terra no que diz respeito à evolução material e às mentalidades. Ficou-nos a impressão de um padre aberto aos problemas do mundo, com forte sentido prático e crítico, nomeadamente, em relação ao capitalismo e à globalização. Perfeitamente ciente que a sua acção é de primaz importância, o padre Álvaro alerta para a necessidade de voltar à dimensão espiritual como forma de diminuir a importância dada aos valores materiais vigentes na sociedade contemporânea.
A FARPA - Quando é que percebeu que queria ser padre missionário?
Álvaro Pacheco – Desde pequeno que tinha uma inclinação para tudo que era diferente, gostava muito, por exemplo, de ver programas que falavam de outras culturas, doutros povos, Além disso, fui educado numa família religiosa.A minha mãe era zeladora da Consolata, e os missionários para mim eram aqueles que deixavam a terra – gostava muita desta ideia. Não gostava de ficar sempre em Lordelo, via o pessoal que estava sempre com as mesmas pessoas, com as mesmas coisas, e eu coisa que não gosto é monotonia, gostava de ser missionário ou free-lancer de fotografia, ou futebolista (tinha algum jeito para a bola). Quando vieram ao Ciclo um padre e uma irmã para falar do trabalho dos missionários, antes de eu pensar se queria ir para ali ou para acolá, eu pensava na possibilidade de ir para o seminário para conhecer malta de outras terras, e depois decidir o que realmente eu gostaria de fazer. Ir para Ermesinde, sair de casa na altura, era para mim sinónimo de borga. O ser padre veio mais tarde.Jogávamos futebol todos os dias, conhecíamos malta de todos os lados com feitios muitos diferentes e eu adorava isso. Desde o início tive sempre inclinação para a diversidade, para conhecer coisas novas, fazer novas amizades para além do âmbito de Lordelo. Então quando tive a oportunidade, eu aproveitei-a. Fiz dois anos de estágio no Carnaval e no Verão na Consolata, em Ermesinde. Cheguei ao 7.º ano. Tinha duas possibilidades: uma, era jogar nos Iniciados de Paços de Ferreira – porque eu tinha feito testes e tinha sido chamado – e outra era ir para o seminário. O meu pai disse para escolher uma. Eu optei por Ermesinde (seminário); pois ficava mais longe do que Paços de Ferreira.Fui também devido à minha concepção de vida. Para mim a vida é um dom que Deus nos deu, um dom que deve ser partilhado. Pensava que indo para terras diferentes podia desenvolver este dom de uma maneira receptiva, na medida em que, Deus nos dava muita coisa. Mas também activa, na medida em que eu podia ajudar os outros. Depois também a ideia de fazer da minha vida um serviço aos outros me agradava muito. Via o casamento como uma coisa muito estática. Se eu casasse tinha que ser com uma pessoa que fosse aventureira, que quisesse sair para outros sítios; aqui em Lordelo não há muita gente com estas características. Então optei pela vida de missionário; fui avançando nos estudos. Quando eu tinha 17/18 anos tomei a minha primeira grande decisão: ir para Itália. Acabei os estudos de Filosofia em Lisboa. Ir para Itália era o passo seguinte. Fui progredindo até chegar ao sacerdócio. Foi com uma mistura da paixão pelo novo e com as experiências acumuladas que decidi que era a vida de missionário que me ia realizar como pessoa. E até agora é o que tem acontecido.
O que significa ser padre missionário?
Nunca tive vocação para ser padre de paróquia porque não gosto de estar no mesmo sítio por muito tempo; temos que aturar as pessoas que são, muitas vezes, conflituosas – é uma situação que a mim não me agrada. O padre missionário tem que ter um espírito de disponibilidade. O padre de paróquia, às vezes, não tem porque está dentro de uma terra. Mudar de país implica muita coisa. Eu não sou só português, sou um ser deste mundo que é capaz de se integrar numa cultura porque o estilo da minha vocação leva a isso. Tenho, também, certas qualidades que me permitem ser capaz de chegar a um país e me integrar porque tenho força de vontade e desejo de conhecer, de experimentar coisas novas.Depois há um sentido diferente de responsabilidade. É claro que um padre de paróquia tem muitas responsabilidades; mas nós temos algumas responsabilidades diferentes, por exemplo aprender uma língua nova – no meu caso o coreano -; aprender uma cultura diferente. Assim, um padre missionário tem que encarar a vida como um conjunto de novos começos. O padre de paróquia começa e acaba no mesmo país, o missionário tem ser capaz de se adaptar, e saber que começa algo hoje, e amanhã começa algo diferente. E também saber que a sua vida está ao serviço dos outros. Não faço aquilo que me apetece. Agora estou na Coreia há 6 anos. Sei que vou ter que ficar mais alguns anos e, eventualmente, se me disserem “agora vais para outro lado”, eu vou.
A Igreja Católica na Coreia do Sul, terra onde é minoritária, tem conseguido os seus objectivos e granjear o respeito da população?
A Coreia do Sul é o primeiro país para onde eu fui, não tenho nenhuma experiência anterior à minha ordenação. Na Coreia do Sul a Igreja Católica é minoritária. Porém tem uma posição bastante positiva dentro da sociedade coreana. Sobretudo nos anos 60/70, teve muito ligada à questão dos direitos dos trabalhadores, da justiça e da solidariedade social. A Igreja Católica tem uma boa imagem. O mesmo não acontece com algumas fracções da Igreja Protestante, há algum fundamentalismo. O povo coreano, seja qual for a religião, é muito religioso. Infelizmente, nestes últimos tempos, devido à globalização, ao capitalismo, a dimensão religiosa e espiritual tem sido relegada para segundo plano. Na Coreia há necessidade de um revitalismo espiritual; a Igreja Católica tem tido um certo crescimento devido à boa imagem que já tem, mas também devido aos exemplos que os próprios católicos conseguem dar. Por outro lado, a nível de cúpula, a Igreja Católica tem consciência que está num país onde é minoria, não está a pregar como se tivesse sempre razão, como se os outros fossem filhos do Diabo. Chegando ali, encontramos gentes de outras religiões: monges, pastores, protestantes, budistas coreanos, xamanistas (religiões naturais e locais). A Igreja Católica faz parte, digamos, de uma coligação de religiões que são muito críticas em relação ao Governo, seja ele qual for, nas matérias de solidariedade social, dos direitos do trabalho e da paz, devido ao problema com a Coreia do Norte. A nossa Igreja tem um papel activo; tenta incutir à sociedade que não é só o material que conta, tem o papel de dizer que precisamos de Deus mas não no sentido de dizer que os católicos é que tem razão. O que importa é ver o que temos em comum com outras religiões. Temos, antes de tudo, a defesa da dignidade humana, nos aspectos da paz, da justiça, da solidariedade numa sociedade que deixa de lado os mais pobres, os mais idosos... O importante é ver o que podemos fazer juntos para melhorar a sociedade. Como missionários da Consolata estamos envolvidos em certos grupos... Há todos os anos um campo de férias inter-religioso onde temos a possibilidade de ter experiências com pessoas de outras religiões trocando impressões e vivências espirituais. A nossa atitude é apresentar aquilo que somos, a nossa riqueza sem imposição, numa abertura ao diferente. O ideal para todas as religiões é a melhoria da condição humana, sobretudo a nível social porque na Coreia houve bastantes mudanças nos últimos anos que provocou um grande relativismo a nível dos valores, a nível da espiritualidade. Nós tentamos ajudar as pessoas a terem consciência que precisamos de Deus, tentar encontrar Deus no dia-a-dia porque temos a ideia, muitas vezes, que Deus está num plano muito acima de nós. Ora, Deus está no meio de nós. As pessoas devem ter essa vivência ajudando o próximo. A Igreja ajuda os católicos coreanos a colaborar na reivindicação dos seus direitos. Ainda há pouco tempo, antes de vir de férias, foi lá um leigo à minha paróquia agradecer por termos participado nas manifestações contra os americanos devido a umas bases militares que estão em terras coreanas das quais os americanos se apropriaram aquando da guerra das Coreias. Não querem sair de lá; os católicos consideram isso injusto e participaram nas manifestações. Foi o nosso contributo para dizer que estamos preocupados com o nosso povo.

Sunday, July 30, 2006

Tou todo "picanhado"...



Domingo, 30 Julho 06

Anyong!!!

Antes de mais, explico-vos as fotos no fim deste texto, ok?
Bom, como dizem os italianos, “mamma mia, che mangiata, ragazzi!” Que traduzindo significa “minha mãe, que comezaina, pessoal!” Sim, escrevo estas linhas às 11.25h da noite e com o estômago ainda cheio de carne de vaca. É que esta manhã, após me levantar e ter celebrado a missa com as freirinhas colombianas capuchinhas aqui em casa, fui para casa da Maria Joelma, brazuca casada com um simpático coreano. Cheguei lá e estavam já outros brazucas, enquanto que os restantes foram chegando mais tarde. Ela convidou-me ontem para ir almoçar a casa dela com outros amigos. Dado que hoje não tinha trabalho extra, é claro que fui “correndo”. E que tinha pró almoço? Uma carne de vaca deliciosa, chamada pelos brazucas de picanha; um jovem que é cozinheiro num restaurante brasileiro, foi o chefe” trouxe um nacão (naco grande… não, mega! É que a carne sobrou ainda para a noite!) de carne, preparou-a, cortou-a e cozinhou-a para nós… e para ele, pois claro!
“Mamma mia, che mangiata!” A Joelma tinha preparado arroz e feijão, claro, não é tão bom quanto a nossa feijoada, mas estava muito bom na mesma. Conversámos também bastante; mais tarde chegaram 2 pastores de uma igreja protestante: um deles trabalha nas Filipinas faz 3 meses (tem com ele a mulher e 2 filhos, mas não o acompanharam nesta viagem à Coreia), enquanto que o outro veio do Brasil. Estão cá faz uma semana e estão tentando arranjar contactos para uma futura abertura de uma sede da igreja deles. Claro que não os posso ajudar, pois não sou protestante (no nosso caso, temos as dioceses para a questão de autorizações, papeladas, burocracias, etc.), mas indiquei-lhes 2 modos de conseguirem ajuda: ou através da embaixada ou contactando um pastor protestante estrangeiro que trabalhe aqui. Não sei o que farão nem como farão, mas terão de se desenrascar.
Sim, fiquei até às 9.15h da noite, pois comemos também o resto da carne que sobrou do almoço. São todos muito boa gente, simpáticos e malta porreira; dado que não há quase nenhum tuga, aproveito e desforro-me com os brazucas. Na próxima semana estamos planeando ir para uma ilha aqui perto passear a noite de sábado para domingo e fazer a missa antes de regressar; parece que haverá outro churrasco, tanto pra variar.
Pois é, com estas comezainas, o regime vai-se… Terei de entrar em regime duro no regresso da Mongólia, pois esta semana será também de algumas comezainas e visitas a vários amigos, como tal tempo pra desporto será pouquíssimo. Bom, como podeis ver, a missão nem sempre é difícil. E também não pode ser, pois mesmo Cristo passava tempo com a malta, gozando a amizade que o unia a tanta gente.

Amanhã será um dia muito diferente, pois teremos missa de manhã com alguns dos nossos benfeitores; é a missa do encontro mensal que temos com eles, encontro que é também de preparação para a peregrinação do ano que vem. Para tal, virá também um padre carmelita coreano (que irei buscar de manhã à casa deles, não longe daqui), o qual fará uma primeira conferência sobre São João da Cruz, um dos mais famosos e importantes santos espanhóis. A segunda conferência terá lugar em Setembro.
Mas amanhã ou depois dir-vos-ei mais coisas, ok?
Vou nanar, pois estou cansado. É, boa vida também cansa. Ahahahahah
Espero que estejais bem. Agosto está à porta e para quem poder gozar de ferias, os meus votos de que sejam óptimas e relaxadas.
Permanecemos unidos na amizade e na oração recíproca
Vosso mano

Anyong!

P.S. As fotos foram tiradas em Maio, na missa campal que fiz com os brazucas num parque em Seúl, ao lado do rio Han; a primeira e' da missa; na segunda estou com a Maria Joelma, enquanto que na outra estão alguns dos que mais regularmente participam na missa.

Thursday, July 27, 2006

Num dia de verao.... chuvoso



5a feira, 27 Julho 06 (parte 3)

Anyong de novo!
Começo com um aviso técnico: as fotos que colocarei não estão relacionadas com o texto, por isso no fim deste dar-vos-ei a explicação de cada uma. Bom, enquanto vos escrevo oiço não só o impecável novo CD dos Depeche Mode (uma das minhas bandas preferidas), intitulado Playing the Angel, como também a chuva que não tem parado de cair. Sim, este é o tempo dela, por isso não me posso queixar; quem se queixa são os que sofreram com as inundações, perdas de propriedade e, em certos casos mais graves, de familiares, não só aqui na Coreia, como em outros países desta Ásia Oriental: China, Japão, Taiwan, Indonésia… Se bem que as chuvas de monção sejam uma ocorrência anual, o clima tem-se deteriorado também por estas bandas do planeta, tanto que as famosas 4 estações estão cada vez mais tornando-se coisa do passado. É, a natureza, quando atacada, responde da única maneira que conhece: naturalmente!
Falando em chuva, lembrei-me de uma anedota sobre 2 alentejanos. Diz um para o outro: “Compadre, vai chover!” Responde o outro: “Vai tu!”

Bom, ontem fui entrevistar um missionário Filipino para a nossa revista; um dos artigos da mesma é dedicado a missionários estrangeiros que trabalham aqui na Coreia; a ideia é apresentar aos nossos benfeitores outros missionário, provenientes dos quatro cantos do mundo e dedicados às mais diversas actividades de evangelização e promoção humana. O de ontem é dos Missionários do Verbo Divino, está na Coreia há quase 20 anos e trabalhou desde sempre com emigrantes estrangeiros, sobretudo com filipinos. A maior parte destes emigrantes trabalha em situação de ilegalidade e, como tal, passam por experiências muito difíceis; porém, sujeitam-se a quase tudo para ganhar algo que no país dele é uma fortuna. Actualmente, o padre Eugénio está envolvido com uma casa de apoio a crianças de famílias estrangeiras em que o casal, trabalhando, necessita de um lugar onde deixar os filhos bebés ou crianças pequeninas. Actualmente, a casa que visitei acolhe 10 crianças; há também um centro de apoio (de vários tipos e serviços) aos emigrantes; o padre Eugénio faz também, serviço religioso com os emigrantes católicos, sobretudo Filipinos e Nigerianos. É um serviço fundamental e precioso; gostei muito desta experiência.
Voltei depois para casa e após uma sesta merecida, fui passear com uma cara amiga, a qual desabafou comigo sobre problemas na paróquia onde é secretária; é a mesma paróquia onde estive um ano e, como tal, somos bons amigos. Fomos até uma zona de praias (mas nada comparadas com as nossas praias, sobretudo do Algarve e arredores!) e, embora estivesse o céu carregado de nuvens prontas a descarregarem toneladas de água, pudemos dar um passeio ao longo da praia antes que o dilúvio iniciasse. Jantámos depois ali perto e tornámos a casa.
É, sei bem como harmonizar trabalho e lazer; de facto, costumo aproveitar as 4as feiras para encontrar amigos, pois não sou dos que gostam de estar sempre em casa. Felizmente, o tipo de trabalho que faço oferece-me a possibilidade de sair bastante e até de dar uns bons passeios uma vez por outra, seja para entrevistar alguém ou para um fim-de-semana missionário numa qualquer paróquia. De facto, em Setembro e Outubro farei 2 no sul da Coreia, um em cada ponta da mesma.

Quanto a hoje, passei a manhã fora de casa, apesar do dilúvio que começou de madrugada. Fui com um colega meu fazer algo que se faz só na Coreia e que é um modo legal de roubar dinheiro aos estrangeiros!!! Ou seja, fui pedir o carimbo no passaporte que me permite reentrar na Coreia após uma saída ao estrangeiro… neste caso, à Mongólia. E, claro está, paga-se bem caro! Enfim… Depois, fomos às compras ao Carrefour. Sim, também há Cerrefour aqui na Coreia, se bem que desde há uns meses a esta parte não seja mais francesa, mas coreana; vou lá de vez em quando, pois tem certos produtos europeus que só se encontram ali… tipo Nutella (chocolate para barrar; é um hábito que ganhei na Itália), lasanha, etc. Dado que o meu colega italiano está na outra comunidade (onde estive 3 anos até Setembro do ano passado), fui buscá-lo e levá-lo a casa… e aproveitei para almoçar com os meus 3 colegas que lá estão (os quais vereis numa das fotos que tentarei colocar nesta mensagem). Voltei depois para casa e fiz uma mega sesta, pois quando o tempo está de chuva a “morrinha” é muito maior!!!
E assim vou vivendo esta minha missão, ora com a revista, ora com outras coisas e pessoas. Confesso, porém, estar um pouco cansado, pois afinal 10a nos são tantos. É por isso que espero também com certa ânsia o curso de renovação, que dura 3 meses, para missionários jovens (com cerca de 10 anos de ordenação ou de profissão religiosa, no caso dos irmãos e irmãs). Parece que o organizarão o ano que vem, certamente na Itália (mas nada – data e local - está ainda confirmada) e, como tal, este vosso mano será um dos participantes. Mas… como isso é só para o ano que vem e Julho deste ano ainda não acabou, prefiro concentra-me no momento presente.
E falando em momento presente, é quase tempo de ver as notícias do dia. Colocarei as fotos (esperando conseguir) e mais tarde continuarei este meu “diário made in Internet”.
Espero-vos todos bem e desejo-vos felicidade
Unidos na amizade e oração recíproca ...

Quase me esquecia (e', tou a ficar velhote!!! eheheheh): aqui vai a legendagem das fotos.

1. Visita com nosso vice-superior geral (primeiro `a esq) e com o superior da Mongolia (terceiro) e 2 colegas meus ao templo de Pulguk, o mais famoso na Coreia. Este passeio ocorreu no fim do passado mes de maio .

2. Uma beleza coreana encontrada enquanto nesse passeio visitavamos um outro templo budista.

3. Um dos palacetes de um parque reconstruido: era um dos mais famosos parques de recreio dos imperadores coreanos nesta zona do sudeste coreano, zona da cpital do reino de Shilla (faz uns seculos que foi capital a cidade de Kyongju), onde estao os locais destas 3 primeiras fotos.

4. Nossa comunidade (falta um colombiano, que na altura estava de ferias) com o vice-geral e o superior da Mongolia. Ajoelhados, esq. para dir: Pedro Louro (tuga), Stefano Camerlengo (vice-superior geral, italiano), Jair (colombiano), Ciril (congoles) e Eugenio (espanholito). Em pe: Peter (Kenya), Giampalo (Italia), Tamrat (Etiopia), vosso mano (eu), Ernesto Viscardi (superior da Mongolia) e Diego, nosso superior aqui na Coreia.


Anyong!

Tuesday, July 25, 2006

Suspirando pelas férias (fotos)






5a feira, 27 Julho 06 - parte 2

Anyong de novo!
Pois e', espero que as fotos me saiam bem agora... Comeco a uma foto com as capas da nossa revista de Maio-Junho e Julho-Agosto.

A segunda fi=la na noite do jogo Coreia-Franca: fui ate' Seul, `a enorme praca diante da Camara Minicipal... onde se encontravam milhares de coreanos e dezenas de estranjeiros. Fioz esta foto com alguns deles e... apos uma volta para mais fotos, decidi voltar a csa, pois nao havia, literalmente, espaco para poder disfrutar do jogo com o minimo de condicoes. Nunca tinh visto um multidao tao grande de gente (ao vivo, claro). Foi uma experiencia breve, mas incrivel!!! Nao sei se voces viram algumas imagens na tv tuga obre estas mnifestacoes dos adeptos coreano, mas a verdade e' que foram famosos em todo o mundo. Imaginai que vieram turistas de varios paises de proposito `a Coreia simplesmente para participarem nestas festas de rua; infelizment, foi "sol de pouca dura", pois os coreanos merecim ter ido um pouco mais longe, obretudo porque tinham em casa e em varios paises a melhor claque do mundo!!! Disto nao tem qualquer duvida.
A terceira e a quarta sao a prova do que disse agor mesmo...A miuda da 3a ate' e' gira, nao e'? E pra quem so' estava a vender agua, estava toda "aperaltada" (esta palavra ainda se usa???) Pela 4a, podem ver que o pessoal ocupava o espaco disponivel sem deixar lugar pra mais gente. Foi incrivel mesmo.

Bom, e' 5a feira e temos um dia de chuva incessante aqui na Coreia... como tem sido os dias nteriores, se bem que na nossa zona a chuva nao tenha feito estragos... ate' agora. Os estragos tem acontecido noutras zonas da Coreia, bem como por toda a Asia Oriental, sobretudo na China onde morreram mais de 600 pessoas. Como tal, convido-vos a rezarem ca' pela gente, pois de ca' rezamos tambem por voces que estao suportando temperaturas elevadissimas, certo? Bom, mais tarde escreveri outra mensagem, ok?

Fiquem bem e ate mais logo.

Anyong!!!