Tuesday, July 31, 2007

De novo em terras sul-africanas...

Damesfontein, 26 Julho 07

Sanibonani, novamente!
Pois
é, cá estou de novo em terras sul-africanas, após uma viagem e estadia inesquecíveis em Moçambique. Esta foi a última foto que tirei na casa regional. Bem hajas, Amigao! Foi 5 estrelas! Bom, a viagem de regresso foi directa, entre Moçambique e África do Sul, ou seja, não passamos pela Suazilândia, se bem que... a vontade de o fazer era grande, para irmos ter com o banana que não nos deixou passar e entrar em Moçambique; mas também temos de reconhecer que o homem estava a fazer o seu trabalho, se bem qu om muitas atitudes anormais, sobretudo ter verificado tudo e mais alguma coisa e só então ter decidido embirrar. Mas assim oi da maneira que vivemos uma aventura diferente! De manha, participei na missa lá na casa regional em Maputo, após a qual entrevistei o padre Marques. Pedi-lhe que me apresentasse o Moçambique, pois na revista temos sempre a apresentação de um país, bem como de várias experiências missionárias. Falou muito e bem; depois, preparei as coisas e partimos rumo a oeste. Como na vinda para Moçambique tínhamos viajado de noite, pude apreciar a paisagem na viagem de volta, se bem que nada ou pouco houvesse para apreciar, a não ser vastas áreas de campos e mais campos. Como é Inverno cá, está tudo seco e amarelado. Despedimo-nos então dos nossos tugas: estou certo de que voltarei a vê-los só daqui a vários anos. A viagem foi tranquila; como tínhamos saído tarde (depois das 10h da manha), paramos par almoçar logo que entramos em território sul-africano. Havia uma estacão de serviço com vários restaurantes, um deles chamado Tasca Portuguesa. Ora, como não podia deixar de ser, foi lá que almoçamos um óptimo frango assado e as tradicionais batatas fritas. O gerente era tuga e com ele falamos um pouco. Seguimos caminho pela auto-estrada que liga a fronteira à costa oeste do país, mas fizemos ainda uma visita a um local muito especial para os moçambicanos: o monumento erigido no local onde caiu o avião que em 1982 se despenhou com o então presidente moçambicano Samora Machel, em circunstancias ainda hoje não totalmente esclarecidas. Há também uma galeria com fotos dos que morreram no acidente, juntamente com Machel. Nesta foto estou com o senhor que la´trabalha e o Zé Martins. Não sei porque gastaram tanto dinheiro e tijolos: bastava algo simples, não? Bom, devido a esta visita, chegamos já tarde a Damesfontein, onde nos esperavam um padre nosso italiano, Rocco Marra (que conheci em Londres) e o único seminarista sul-africano que temos, o qual esta de ferias estuda na Tanzânia. Tinham preparado um jantar delicioso, mas por causa dele estou ainda acordado, pois comi que nem uma besta e, como não é aconselhável dormir de papo cheio, as ovelhas esperam ainda que as vá contar. Só mais uma coisa: o tempo em Moçambique era primaveril, tanto que nunca vesti a casaquita que trouxe e que uso cá na África do Sul, pois aqui faz um briol dos diabos, sobretudo de manha e à noite.

Gente, vou nanar então. Sinto-me cansado, pois isto de viajar pela primeira vez por países e encontrar velhos amigos após vários anos é cansativo, mas sinto-me super bem e feliz, pois o nosso Amigao tem sido simplesmente ESPECTAULAR para comigo.

Bom, amanha há mais.

Segundo dia em Maputo...

Moçambique, 25 Julho 07
Olá, malta! Hoje foi um dia dedicado a passear e... a compras! Como sempre, gosto de levar umas lembrancitas e hoje foi dia para as comprar. Barato e leve, de modo a poder carregar facilmente e oferecer a muita gente. Assim, fomos de manha a uma loja de produtos tradicionais feitos por gente com deficiências varias, sobretudo físicas. Deste modo, podíamos ajudar os mais necessitados, pois comprar coisas na rua não dá: pedem sempre preços exorbitantes, pois branco aqui é sinal de dinheiro!
Haviam muitas coisas bonitas, mas pequenas, giras e baratas eram poucas... Tinha de ficar para a tarde; passamos o resto da manha visitando o centro de Maputo. Esta é a estacao dos comboios em estilo bem europeu. Visttamos também a catedral (na foto) e outras partes do centro histórico.

Depois do tacho, o Carlos Alberto deixou-nos nas mãos do irmão italiano, Pietro Bertoni, que está em Moçambique há quase 30 anos (o que veio à pizza connosco). Na foto, estão pessoas num pequeno mercado de peixe, ao lado da fortaleza. Depois, fomos visitar a fortaleza de Maputo (na foto) e a uma loja de capulanas, um tecido usado pelas mulheres para cobrir a roupa (tipo saia) e que são multicolores e de vários desenhos. Eis algumas delas... Fomos ainda a um parque, chamado dos namorados, onde, para meu espanto, não haviam nem crianças nem adultos pobres, só mesmo malta jovem ultra-rica e ultra-moderna, ou seja, muito filhos e filhas de papá, ou seja, muitos queques. Eram quase todos ou brancos ou indianos; os moçambicanos negros eram gente com posse, claro. Mas a minha maior surpresa foi ter encontrado... pastei de nata, café e bolos de arroz tugas! Ora, quem me conhece sabe que adoro natas, por isso lá paguei um lanchezinho à malta! Regressamos à casa regional... para sairmos novamente, desta vez com o padre Tavares, o qual foi meu formador em Abrantes por um ano. Como vario outros, lá me chateou o juízo (na brincadeira, claro) por causa dos papo-secos que eu devorava todas as manhas em quantidades industriais. É sim, na altura era novinho e com muito cabedal a desenvolver-se... eheheheheh
Bom, ele levou-nos ao semin
ário filosófico, onde estava também o padre Ferraz, que com 75 ano tem ainda muita genica e energia. Eis-nos na foto: sentados estao os padres Tavares (que foi meu formador em Abrantes, no 11ano de escolaridade), Ferraz e Matias.
Mas não creio ser o homem indicado para estar num seminário, pois o outro padre que lá esta, tanzaniano creio, tem já mais de 50 anos: ora, com malta jovem convém que estejam padres jovens. O problema é que não é fácil encontrá-los. Depois de um cafezito, presidi à missa com os seminas; seguiu-se a janta, na qual me fizeram varias perguntas sobre a missão na Coreia. Eram 9 moçambicanos e 2 da Tanzânia, os quais tinham chegado à duas semanas atrás, por isso dei-lhes um pouco de encorajamento e força. E pronto: outro dia que lá se foi. Em teoria, eu deveria ter entrevistado o padre Marques, mas como chegamos pelas 10h, estava cansado e sem vontade de o fazer; assim, ficará para amanha de manha.
Malta, ficai bem... Estou prestes a regressar
à África do Sul, onde irei conhecer outra zona e tipo de missão, mas sempre dentro a diocese de Dundee. Um abraço mega deste vosso tugacoreano...

Primeiro dia em Maputo...

Moçambique, 24 Julho

Olá de novo, minha gente!

Mais um dia nestas belas terras africanas, recheado de mais reencontros com velhos amigos após vários anos. É muito bom poder recordar o passado, pois ajuda-me a dar ainda mais valor ao que Deus tem operado em mim ao longo da minha vida, sobretudo através das pessoas que Ele foi e vai colocando no meu caminho. Bom, após uma boa noite de repouso, fiquei com o cabedal em condições normais, pronto para viver mais um dia cheio de reencontros, descobertas e sentimentos de imensa alegria e gratidão.

Parte da longa avenida 24 de julho, onde está situada a casa regional O padre Artur Marques, tuga e superior da nossa região de Moçambique, levou-nos a visitar algumas das paróquias em torno de Maputo, nomeadamente Machava (onde trabalham 2 padres colombianos e existe a Rádio Maria, a qual emite para várias regiões do país) e Liqueleva.

Aqui estamos: padres Zé Martins, Marques, 2 colombianos e eu


Nesta trabalham os padres Forner (italiano, que no tempo em que entrei no seminário em Ermesinde, tinha eu 13 anos, era formador no nosso seminário do Cacém... e não o via desde então!!!) e o Hélder Bonifácio, o qual esteve vários anos comigo no seminário; não o vi ali, mas sim no noviciado.

Esta é a igreja da paróquia de Liqueleva

Depois de ver as instalações da paroquia, fomos almoçar à casa regional. A tarde foi então dedicada a visitar o noviciado. No noviciado é formador um outro tuga, padre João Nascimento, o qual esteve em Londres aprendendo inglês quando eu lá estudei. Estava também o tal Hélder, o qual trato por Sua Eminência, pois gosta de se armar em bispo (na brincadeira, claro). Estava baixote e ainda mais redondo de quando o vi pela ultima vez, e com o riso e bom humor característicos dele.


Cá estamos: Carlos Matias, Helder, eu, João Nascimento, Carlos Alberto e Zé Temos 11 noviços, 2 dos quais moçambicanos. Tomamos um café e recordaram-se peripécias de tempos passados.

Estes miuditos são dos que estavam ali no recinto do nosso noviciado cantando e preparando alguma festa... EstesEra óptimo estarmos ali todos malta nova, mas ao mesmo tempo lamentava termos tão poucos em Portugal: passei por lá em Maio, como sabeis, e aquilo anda mau, pois há muitos missionários com idade avançada e poucas forças jovens, o que implica meno9 actividade missionária.

"Loja de móveis" ao ar livre em Maputo


Bom, dali fomos dar um passeio pela marginal, pois Maputo fica ao lado do mar; a vontade de dar um mergulho era enorme, mas... ficará para outra ocasião ou lugar.

Eis uma parte da marginal de Maputo...


Antes de irmos jantar fora, ajudamos o Simão Pedro e Magalhães a carregarem o jipe com material vário para a missão onde trabalham, que se chama Macanhelas e está situada a 3 mil e tal km de Maputo; diziam que levam cerca de 3 dias a chegar lá, parando em varias missões nossas pelo caminho. Sim, a missão aqui em Moçambique é ainda muito do estilo antigo, muito diferente, por isso, da missão na Coreia. Fomos depois jantar juntos, tugas e um irmão italiano, a uma pizzaria ali perto; escolhi a portuguesa, a qual estava 5 estrelas. Claro, ao contrario de ontem comi a minha e mais um pouco de outras. Como as faziam ao estilo italiano, estavam na verdade 5 estrelas. Mais uma vez, passamos um bom bocado em alegre cavaqueira. Ainda antes da nana, entrevistei o Simão e o Magalhães para a nosso revista coreana; é, não estou só passeando e visitando locais e pessoas, mas também preparando material para a nossa revista coreana. Junto, assim o útil ao agradável.

Aqui estou eu com o Simão e o Magalhães

Pois é, estar aqui em Maputo é mais um sono alcançado, pois tendo sido uma colónia tuga, muitos dos nossos missionários tugas trabalharam ou trabalham cá e, como tal, de certa forma conhecia já este país desde puto. Até cheguei a sonhar com trabalhar em África, mas depois veio a vontade de ir para a América Latina (nos tempos da teologia em Londres), ate que me decidi pela Ásia, onde trabalho faz quase 11 anos e me sinto muito bem. Ou seja, optei por um tipo de experiência que na altura e ainda hoje é novidade no nosso Instituto, pois gosto de experimentar e viver coisas diferentes. Estar na Coreia é como nascer de novo, em todos os aspectos, e eu adoro esse tipo de situações.

Bom, as ovelhas estão já prontas para serem contadas. Com o cansaço que tenho não será difícil dormir...

Wednesday, July 25, 2007

From Mocambique with love e saudades...

Moçambique, 23 julho 07

Olá, minha gente! Pois é, mais um outro sonho que se torna realidade; é tipo “paga um, leva dois”. Sim, quando vi que o percurso mais barato para chegar ao Brasil seria pela África do Sul, perguntei ao meu mano Zé Martins se seria possível dar um salto a Maputo, dado “ser ali ao lado”. Respondendo ele que sim, acalentei então essa possibilidade, a qual se tornou realidade... e por 2 dias inteiros! Pois é, cá estou eu em Moçambique! Assim, conheço não só parte da África do Sul, como a capital de Moçambique. Mas é o facto de reencontrar velhos amigos o que mais valorizo, bem como conhecer o que eles fazem por cá. Certo, conhecer mais um país é óptimo, De facto, irei entrevistar dois deles para a nossa revista, juntando assim o “útil ao agradável”. A grande surpresa de hoje foi estarem cá em Maputo dois colegas meus que não via faz anos, sobretudo o Magalhães, o qual conheço desde os 11 anos!
Do início: de manha, o Zé Martins chegou cedo a Damesfontein, podendo nós assim partir antes do meio dia para Moçambique.

Ca estamos prontos a sair rumo a Mocambique. O espaco do meio e' o meu...

Quando regressar aqui, irei então com o Zé conhecer a missão onde trabalha, perto da cidade de Newcastle. Certo, adoraria poder conhecer mais este país, bem como Moçambique, mas estes dias são já uma “prenda” muito boa do nosso Amigao. Ainda por cima porque não estava nada à espera de poder ir a Moçambique! Bom, a viagem para cá passava por um outro país, a Swazilândia, um pequeno reino independente, muito pobre e “usado” pela África do Sul, sobretudo para fins comerciais e enriquecimento.


Mapa da Swazilandia e ponto onde iniciaomos a atrevssia desta nacao


O rei desta pequena nação é famoso por, segundo a tradição, escolher uma mulher ou esposa cada ano, com cerca de 19 anos. Há algumas com quem não pode ter relações sexuais; assim, lá vai abusando deste poder de forma descarada. De facto, parece que é milionário, enquanto que o “Zé Povinho” vive na desgraça. É um país bonito, mas muito pobre e sem grandes ou nenhuns recursos. Parámos num supermercado para comprar umas coisitas para o tacho; parámos depois numa berma, debaixo da árvore, para “devorar” pão e frango “churrascado”, regados com sumos.


Estamos a preparar o ataque ao frango...


A fronteira com Moçambique aproximava-se e já me imaginava chegando a Maputo. Só que... estava tudo a correr (desde que saí da Coreia até agora) tão bem tão bem que... o nosso Amigao “decidiu” mudar de ideias. Assim, chegando à fronteira, os tipos embirraram com o Carlos Matias porque o carro, que é propriedade da diocese de Dundee, não tinha o papel que autoriza que o mesmo seja levado para fora do país. Assim que após termos tudo pronto e carimbado para passarmos a fronteira... tivemos de voltar para trás e andar “desesperadamente” à procura de um fax: deveríamos pedir a dita autorização à diocese. Só que, para cúmulo, era feriado no reino da Swazilândia, assim que estava quase tudo fechado e... nada de fax! Assim, dado que as horas passavam e o sol começava a preparar-se para ir acordar os do outro lado do planeta, decidimos tentar passar a fronteira directa entre a África dó Sul e Moçambique. Assim, a toda a velocidade lá fizemos mais quase 100km para chegar a Nkomati Port, ou seja, ao posto fronteiriço. Chegamos lá por volta das 7h da tarde, mas caso não houvesse havido o contratempo, poderíamos ter chegado a Maputo pelas 4h e pouco.


Valeu-nos, para relaxar, rir muito 'a custa de tabuletas como estas... Ate' os bois precisam de estar alertas com a sida!!!


Mas a esperança estava ainda bem viva e, como tal, sabíamos que o nosso Amigao iria estar sempre do nosso lado. Deixamos entao a Swazilandia e voltamos a entrar na Africa do Sul.E assim foi: os papéis para o carro foram conseguidos sem problema e o visto de entrada não demorou a ser obtido. Assim que lá entramos em Moçambique, cansados mas felizes da vida. A noite encobria-nos, mas estávamos já no outro lado da fronteira, por isso não faltava muito para chegarmos à nossa casa regional, pois a fronteira esta a cerca de 90 e tal km. Qual foi então o meu espanto ao ver duas caras muito conhecidas e, mais ainda, inesperadas quando chegamos cá à casa regional: o Magalhães, que mencionei em cima, e o Simão Pedro. O primeiro é de Ermesinde (norte de Portugal) e o Simão da Trofa; o irmão mais velho dele foi colega meu e do Magalhães no seminário de Ermesinde, que foi o primeiro que frequentei. Assim que podeis imaginar a minha alegria. Quanto aos outros colegas padres, estava já a contar revê-los, mas mesmo assim senti também muita alegria, pois fazia anos que não os via.
Ora, tendo nós chegado tarde, o Carlos Alberto tinha ido comprar umas pizzas; ficaram todos admirados por eu não ter comido a minha toda. Eheheheh Mas a razão é simples: fiz toda a viagem sentado torto, porque a carrinha em que viemos é de caixa fechada e... no lugar de 2 vínhamos 3. Dado que o Zé tem problemas de coluna, tocou-me a mim ir no meio, ou seja, “ensanduichado” entre os dois, ainda por cima com a alavanca da caixa das velocidades a roçar a perna; esta ficou paralisada varias vezes, adormecendo a cada hora. Mas valeu a pena aguentar o sacrifício, pois assim vínhamos sempre na conversa, contando também aventuras de tempos passados. Assim, estando cansado não deu para comer muito; eu queria era mesmo descansar e esticar o pernil! Depois da janta, a conversa foi longa, como não podia deixar de ser; estávamos vários missionários tugas, recordando bons e velhos tempos. Enquanto falávamos, eu olhava para cada um deles e agradecia o nosso Amigao pelo dom de cada um, pelo que vivemos juntos no seminário em tempos idos e por estarmos agoira novamente juntos, após tantos anos. Foi esta a minha oração de fim de dia, um dia que começou meio incógnito, com muitos kms feitos por 3 países, com alguma preocupação pelo meio, mas sempre vivida com espírito de aventura; afinal, estava com 2 tugas experientes de África e com o nosso Amigao sempre a meu lado.
Estou em Moçambique, malta. A Coreia parece estar tão longe... e está longe, na verdade. Porém, bate uma saudade de vez em quando, pois afinal a Coreia é a minha “terra”. Mas estou a adorar ao máximo esta experiência memorável, pois tem sido, como outras no passado, uma experiência muito positiva e enriquecedora. Amigao, bem hajas pelo teu amor e presença na minha vida através destes meus manos e destes países e experiências que me tens proporcionado.
Malta... ficai bem e que Ele vos abençoe, sempre.
Vosso ...

Tuesday, July 24, 2007

As vozes dos coros celestiais...

África do Sul, 22 julho

Sanibonani, pessoal!
Pois é, como sabeis o tempo passa muito rápido quando se está bem. Hoje foi mais um dia que confirma esta “sabedoria”. Bom, comecei o dia cedinho, com missa na capela de Lothair com o nosso padre Matias. Não concelebrei com ele, porque queria fazer fotos, tal como na segunda missa. Esta é uma capela pequena, mas com uma comunidade dinâmica. São quase todos habitantes de “locations”, ou seja, bairros de lata, uns mais perto e outros não da capela. A assembleia era constituída por uma mistura de idades, mas o que mais me impressionou foi o canto!!! Depois de os ter ouvido cantar, só a vozes, fiquei ainda mais com a convicção de que... os coros celestes são africanos!!!

Mas a cantora oficial do Paraíso é a Enya, claro! Adorei mega! Dizia-me o padre Matias de que são os coros, mais do que as homilias dos padres, o que verdadeiramente atrai as pessoas à igreja, pois o africano gosta de cantar e dançar por natureza.


Alguns vão à igreja pelos cantos e só depois é que eventualmente se convertem. Esta zona é zona zulu: estavam várias senhoras de idade com os típicos trajes zulu, boinas incluídas. Bom, fiz também bastantes fotos, mas após a missa tivemos que ir à missão buscar os outros cartões de fotos (photocard), pois o que eu tinha na máquina era o mais pequeno e estava já cheio.


Dali fomos para a segunda missa, na capela de Diepdale, que fica muito perto da fronteira com a Swazilândia, país que confina com o Moçambique. Aqui a missa foi de funeral, com o caixão da jovem de 27 anos, de uma família onde já outras duas irmãs tinham morrido, todas elas de sida e esta também.


De facto, a sida é a grande epidemia actual da África do Sul e de muitos países africanos. Pude assim assistir ao rito do funeral zulu, o qual tem as suas particularidades. Esta foto foi tirada durante a missa...


Foi muito interessante, se bem que um momento triste, claro.

Bom, a hora ia passando e eu a ver que o Matias não estava nada preocupado com o... tacho!!! Na foto, ele esta levando alkguns dos fieis que participaram na missa e no funeral a casa.

Ehehehehehe De facto, só chegamos a casa depois das 4h da tarde e só então pude comer algo, pois... eles não almoçam por regra! De facto, não me lembro de ter comido uma sandes tão deliciosa quanto a de amoras silvestres que devorei com paixão e fome. Damos tantas coisas por descontado e não sabemos agradecer o quanto Deus nos dá, desde algo tão simples e essencial como é comer e poder comer. Assim, fomos ainda visitar outras três capelas, incluindo a de Mayflower, que seria em teoria a paróquia central da missão; há uma pequena comunidade de freiras sul-africanas lá. A semhora desta foto mostra uma das coisas que mais me surpreendeu, tal como no Kenya: a quantidade imensa de gente que tem telemovel!


Pelo caminho, das muitas criancas que vimos consegui fotografar esta...


Voltámos então para a missão, onde o padre Ettore, italiano, nos preparou uma saborosa janta. Ele pertence a outra comunidade e está cá na África do Sul há mais de 30 anos, creio. Ca estamos nos no momento da janta...Esta missão é a única que se encontra numa zona completamente rural, mas parece que irão fechá-la no ano que vem. O colega habitual do Matias não está cá e não creio que o irei encontrar, pois sairei desta comunidade na 6ª feira de manha.

Nao podia deixar de tirar esta foto ao por-do-sol sul-africano...


Bom, o sono chama-me; não é chuva, não é vento, é o sono...
Ficai bem e até amanha.

De novo em Africa... mas e' outra Africa.

Africa do Sul, 21 Julho 2007

Sanibonani (Olá), minha gente!
Pois é, cá estou eu na África o Sul, de passagem para o Brasil. Deixei ontem a Coreia às 8h da noite, após um dia em cheio. De facto, acabei tudo no último minuto: terminei coisas relacionadas com a revista, limpei o meu quarto e arrumei a mochila antes do tacho, após este, tive ainda de preparar dois cds com várias fotos sobre a Coreia para depois mostrar aos meus colegas, tanto aqui como depois no curso do Brasil. Foi mesmo uma semana em cheio, mas consegui deixar tudo arrumado de modo a não me preocupar com nada relativo ao trabalho até Novembro. Faltam só umas coisitas, mas no Brasil terei tempo de as fazer. No vôo para cá comecei a escrever a introdução ao livro de meditações sobre a Quaresma do… ano próximo, de modo a aproveitar o facto de não conseguir dormir sentado. Receava ter de correr em Hong Kong para apanhar a ligação para cá, mas felizmente o avião chegou 40 minutos mais cedo e pude assim embarcar a tempo e sem pressas. Interessante foi ver como quanta gente viaja hoje em dia: não é só quem tem dinheiro, ou trabalha em grandes empresas, ou… nós missionários (que também somos muito ricos!) mas muita mais gente viaja mesmo! Havia mesmo um grupo consistente de coreanos viajando para cá, pois desde que a Coreia se “abriu” ao mundo, eles começaram a correr o mundo todo, quase tanto como os japoneses. Pena é que esta mistura de raças, gentes e culturas, sinal da criatividade e diversidade de Deus, não sejam encaradas como dom pelos poderoso e outras “bestas” como Bush e amigos, pois assim tenho a certeza de que não haveriam guerras nem conflitos, mas sim tolerância, respeito, entreajuda e complementaridade entre os povos, raças e culturas deste nosso planeta. Tenho repugnância contra tudo o que é fundamentalismo, não só o dos terroristas (Bush incluído) e potências militares, mas mesmo na nossa Igreja católica, etc.
Bom, aterrei em Joanesburgo às 6.35h desta manha; estavam à minha espera os meus colegas da Consolata, padres Zé Martins (que trabalhou cá faz anos e, após ter trabalhado vários anos em Portugal, regressou faz 2 anos) e o Carlos Matias, que está cá vai para 14 anos e que eu não via há muitos. Fomos para a casa que é a sede de delegação deste nosso grupo de missionários (são 10 actualmente), onde estava o superior.
Com os tugas Ze Martins e Carlos Matias, mais o superior Tarcisio Foccoli

Tomámos o pequeno-almoço, mas como eu tinha já comido algo no avião, pensava que era hora... do almoço, pois era isso que o meu corpo me “dizia” e, claro, a mente estava confusa, para além de cansada. Ali, temos um paróquia, mas não deu para encontrar o nosso missionário italiano que é o pároco da mesma. Bom, após eu ter escrito e enviado uns e-mails aos meus colegas na Coreia e a todos vocês, vim com o padre Matias para a única missão que o nosso Instituto tem na zona rural, a cerca de 300km a leste de Joanesburgo; fica na diocese de Dundee e não muito longe de Moçambique! Novidade: na 2° feira irei precisamente… a Moçambique com eles os 2!!! O padre Zé Martins vem ter connosco na 2° fira de manha para depois partirmos rumo a Moçambique. Assim poderei rever um grande amigo, o padre Carlos Alberto, e alguns outros padres nossos, bem como entrevistar um deles para a nossa revista. Aliás, farei o mesmo amanha aqui com o Zé Martins. È, assim junto o útil ao agradável, certo? Farei depois o mesmo no Brasil, de modo a adiantar serviço para o ano que vem, pois nesse... terei as minhas férias, se Deus quiser!
Telefonei também para minha casa e celebrei a missa com o Matias e uma senhora branca que vive aqui perto e que frequenta esta missão de Damesfontein. são cerca de 3 ou 4 as brancas, o resto são negros das redondezas. Há uma paróquia e vários salões aqui nesta missão, bem como uma escola que inicialmente era da missão, mas que agora está sob tutela do governo. Os meus manos daqui são também são encarregados de uma capela perto daqui, para lá de outras várias pequenas capelas espalhadas pelo território circundante. Amanha irei com o Matias fazer duas missas, uma delas de funeral.
Certo, estou a adorar isto tudo… e ainda só estou no primeiro dia. Os momentos que mais me marcaram hoje foram dois: o encontro com os 2 tugas que cá estão e o ter passado na estrada onde foram mortos, num acidente, um colega nosso tuga, outro da Tanzânia, um padre diocesano e um leigo catequista, também do Tanzânia, a 23 de Novembro de 1999. Seguiam num carro quando rebentou a roda de um camião que vinha em sentido contrário e este embateu de frente contra eles, arrastando-os por vários metros. Morreram todos os quatro.

Junto da cruz colocada no local onde faleceram os nossos missionarios

Bom, não imaginais o quanto bem me sinto: adoro viajar, como sabeis, e conhecer novas terras e culturas, pois nelas Deus se manifesta de modo muito concreto e diversificado.

A igreja da missao de Damesfontein

Mas sobretudo neste contexto de missão é óptimo poder encontrar irmãos missionários e ver em primeira pessoas o que fazem, pois estas realidades (de África e, mais tarde, da América Latina) são completamente diferentes da que vivo na Ásia. Relendo o titulo desta crónica de hoje, quero dizer-vos que a África do Sul é bem mais rica do que, por exemplo, o Kenya: basta dizer que aqui todos andam calçados (pelo menos os que vi até agora, mesmo os mais pobres. Depois, as estradas principais são todas alcatroadas e em muito bom estado, mais do que muitas em Portugal. É sem dúvida uma outra África, diferente da que conheci pela primeira vez no Kenya, no passado mês de Janeiro.
Bom, um padre nosso italiano está preparando a janta… e os meus olhos começam a queixar-se por não terem descansado como deve ser durante as mais de 15 horas da viagem. Amanhã há mais, ok?
Que o nosso Amigao vos abençoe.
Nisale kahle (Adeus)

Estou quase na Africa e America Latina...

Paróquia de WuaSu-Dong, 14 Julho 2007

Anyong, minha gente!!!
Pois é, faz “séculos” que não escrevo, verdade? Bom, nem imaginais o quanto cansado tenho andado; é que, estando eu a menos de uma semana de viajar para o Brazil (via Hong Kong e África do Sul) e sendo eu editor da nossa revista missionária (entre outras coisas), tenho andado a ultimar textos, fotos e entrevistas para os números que sairão durante a minha ausência. Como são 3 meses e 20 dias, não é pouca coisa… Mas tenho dado onta do recado, se bem que estou certo de que terminarei tudo tudo 5 minutos antes de partir para o aeroporto. Bom, regressando da Europa tinha montes de trabalho esperando para ser realizado, bem como propaganda missionária em 3 paróquias, pois correspondem às que eu faria caso estivesse cá; assim, estou no terceiro de 3 fins-de-semana seguidos de missas e apelos a que as pessoas se tornem nossas benfeitoras. O primeiro foi bastante extenuante, pois foram 4 missas inteiras e 6 homilias, mas consegui um ótimo número de assinantes. O segundo foi mais calmo, tal como será o deste fim-de-semana; esta é a paróquia de um padre meu amigo, com o qual trabalhei na minha primeira paróquia e que depois ajudei de vez em quando quando ele estava noutra paróquia. Mas estou mortinho por ver chegar domingo à noite, pois estes fins-de-semana missonários são muito cansativos: para além de ter de falar em coreano, repito mais ou menos a mesma homilia 4 ou 5 vezes, raramente 6. Mas vale a pena e é necessário, pois é da contribuição generosa das pessoas que a minha comunidade vive, em mais de 60%. Por isso, posso dizer que ando a “ganhar uma boa parte do pão” meu e dos meus manos. ahahahahahah

Com minha amiga Joelma na festa da Consolata (17 junho 07)




Com minha amiga coreana Agnese e amiga dela na festa da Consolata

Bom, sabis que faz hoje 11 anos que o antigo bispo do Porto me ordenou padreco??? Mamma mia, parece mentira mas é verdade; hà dias uma amiga, vendo uma foto minha de 1999, dizia “não acreditar” que fosse eu!!! Magrinho e jeitoso… Sim, os anos passam para todos, mas o importante é que passem bem. Não “choro” os anos passados, pois sou imensamente feliz aqui e agora, tal como fui no passado. Mas o que conta é o tempo presente e não vale a pena chorar, pois o tempo não volta mais; há sim que viver ao máximo o tempo imediato, o qual é sempre dom de Deus. Com o meu tempo, tenho não só feito o meu trabalho, como partilhado o dom da amizade com gente incrível que Deus tem colocado na minha estrada. Partilho com vocês quatro momentos recentes que são exemplos concretos, que são a actualização do amor que Deus tem por mim: a festa do dia de Portugal, a despedida da minha amiga Vitória, a nova casa da Sofia e o bébé da Stella e do Shiam.
Festa do Dia de Portugal: como acontece anualmente, neste dia os poucos tugas que por cá andam sao convidados para uma festa, mas… sao também convidados muitos embaixadores e “gente fina”, o que è uma autêntica seca. Mas como este ano o Pedro, meu colega tuga, está de férias, convidei duas amigas para virem comigo, pois estavam interessadas em comer e beber à tuga! Uma delas convidou outra amiga e assim lá fui eu com 3 belas donzelas (bem, uma è casada, mas como o marido me conhece e è católico, estava devidamente “autorizado”. Eheheheheh); é claro que apenas entrei na sala do hotel Hyatt e cumprimentei o novo embaixador e restantes membros da embaixada, me olharam de lado. Pouco depois, um coreano que è professor de português numa universidade em Pusan veio ter comigo, dizendo ter ouvido haver padres tugas aqui e perguntou-me onde estavam os… rapazes! Bom, lá me expliquei e, após ter ficado mais descansado, continuei a “atacar” a comida. Naturalmente, comi só bacalhau e frango, os quais estavam uma delícia. As minhas amigas ficaram muito satisfeitas e uma até abusou um pouquinho da poinga, pois eram todos vinhos tugas… rematando tudo com um porto muito bom. Antes de sair, apresentei-me devidamente ao embaixador, o qual se mostrou interessado em que, tal como faço com os brazucas, após o meu regresso façamos a missa em tuga na residência dele de vez em quando. Claro que fiquei muito contente, pois com o anterior a nossa (minha e do Pedro) relaçcao era muito boa e só nao deu para mais por falta de tempo. Mas este chegou faz 4 meses e temos, como tal, muito tempo pela frente para partilharmos experiências e outras coisas mais. A esposa dele vem em agosto.
Despedida da Vitória e Filhotes: Ela é uma amiga de longa data e com quem fico sempre quando vou a Pusan, a segunda maior cidade coreana. Tano que os filhotes dela me tratam por “tio”. Dado que ela irá para a China, onde já se encontra o marido, por 4 anos (o marido trabalha para a Samsung), aproveitei para me ir despedir dela, se bem que ela nao saiba ainda quando partirá: se no fim de outubro ou de novembro. Caso seja a segunda possibilidade, ainda a voltareoi a ver; certo, já me convidou para ir visitá-los, mas nao creio que tal seja possível. Espero, isso sim, que regressem de vez em quando. Também aproveitei para encontrar uma freirinha amiga de longa data e encontrar os pais de um nosso semina que está estudando em Roma e que veio de férias, juntamente com os outro 4 seminas coreanos que temos lá.
Nova casa da Sofia: dado que ela è o meu “primeiro amor” esta è uma das minhas amigas “especiais” e, como tal, inaugurar a casa dela com outra senhora (que è mae de um semina diocesano e cozinha muito bem) foi muito bom, sob retudo sabendo o quanto suor, dores de cabeça e crises de nervos lhe custou, por causa dos “merdas” de operários que lhe restauraram a casa, a qual foi comprada. De facto, os tipos nao fizeram bem o trabalho e ainda por cima usaram materias caros e que nao correspondiam ao que ela pretendia. Enfim, foi ótimo poder vê-la feliz, se bem que ainda hajam trabalhitos para fazer aqui e ali, mas certamente contratará outra gente. Assim, fomos para a “esplanada” jantar; como o tempo estava muito agradável, deu para uma longa cavaqueira.
Bébé da minha amiga Stella: esta è uma outra amiga coreana, casada com um simpátio indiano, os quais tiveram um bébé faz poucos dias. Infelizmente, ela sofreu um pouco, pois o bébé “teve de nascer” 15 dias antes por ela ter a tensao alta, creio. Mas o bébé nasceu bem, apesar de ser pequenino, muito pequenino. A tradiçao coreana proíbe que se veja o bébé antes dos primeiros 100 dias, mas como esta e muitas mais tradiçoes têm vindo a desaparecer, fui visitar o bébé antes de sair da Coreia. Claro, fiz várias fotos, até porque quero usar uma como capa do boletim que enviámos aos nossos benfeitores em dezembro. Serao a minha versao de Maria e do Menino Jesus.

Aqui esta minha amiga Stella com o bebe dela

Mudando de assunto: a mae de uma das amigas que vieram comigo à festa do dia de Portugal está num hospital em estado de coma, após ter perdido os sentidos enquanto trabalhava. Foi operada de urgência ao cérebro, mas receio que tenha sido a operaçao a deixá-la neste estado. È que os “indígenas” têm a má fama de operarem a torto e a direito, várias vezes para fazerem “experiências”. Espero que nao tenha sido o caso… Bom, o caso è que esta amiga nao è católica, mas quis que a mae fosse baptizada; assim, fiz questao de ir lá hoje, mesmo estando o hospital a quase duas horas de metro. Espero que possa acordar rapidamente, pois passaram já 9 dias desde que foi operada. Fiquei comovido com este esta experiência, pois foi a primeira vez que vi alguém em coma; também me tocou o amor da minha amiga pela mae e a esperança que ela acalenta. Está mesmo segura de que a mae irá despertar e, como tal, a minha visita quis ser expressao da minha fé na recuperaçao da mae.
Bom, após a missa da tarde, vim para casa, exausto mas feliz, pois graças ao meu pároco, fiz bastantes assinantes. Assim, em 3 fins-de-semana, consegui 460 novos assinantes-benfeitores, o que nao è nada mau. Claro, fartei-me de louvar e bem-dizer o nosso Amigao pela sua preciosa inspiraçao.
Bom, vou nanar, pois estu arrasado e tenho pela frente uma semana dura, pois è a última antes de ir para a América Latina… Mamma mia, custa a acreditar! Sempre quis visitar o Brasil, mas nao contava que fosse tao cedo. Mais outro dom do nosso Amigao, claro que sim! Ainda bem que amanha temos o retiro mensal, assim dará para rezar e descansar bastante; claro, só rezar nao dá, senao Deus cansa-se muito. Ahahahahah

Termino com duas fotos de flores que fiz numa casa de retiros das freiras Dominicanas missionarias, onde com os meus colegas fizemos o nosso retiro anual de 4 dias...
Xauzao por hoje…
Vosso mano tuga coreano