Thursday, September 14, 2006

Diario da viagem `a Mongolia 1

Caros amigos:
Ola'. Bem, custou mas sempre consegui publicar o diario da nossa viagem `a Mongolia. E' que o tinha escrito originalmente em italiano e, como tenho andado muito ocupado com o trabalho, so' agora me e' possivel publica-lo. Bom, deixo-vos entao o diario deste que foi uma das viagens mais incriveis que fiz ate' hoje e que, no contexto da nossa familia missionaria, foi uma das mais significativas. No fim do texto (2) explico-vos o porque... Boa leitura!

O nosso Instituto está presente em 2 países da Ásia Oriental: Coreia do Sul (desde 1988) e Mongólia (desde 2003). Sendo este um imenso continente, aqui na Coreia estávamos geograficamente muito distantes do resto nosso Instituto. Mas agora que temos “vizinhos” na Mongólia (a 3 horas de avião), o nosso estado de espírito mudou completamente. Assim, há 2 anos e no ano passado fizemos o nosso retiro anual de 5 dias e as férias comunitárias com os nossos manos e manas que trabalham na Mongólia, ao quais vieram cá nos visitar. Mas agora que eles são numericamente mais do que nós, tocou-nos fazer-lhes uma visita este ano. Deixo-vos um resumo do diário desta viagem incrível; sim, ADOREI IMENSO e este é também o parecer dos meus 6 colegas que lá foram comigo, não só pela Mongólia em si, mas sobretudo pela experiência de familiaridade vivida com os nosso manos padres e manas freiras que lá trabalham: foram impecáveis connosco e prepararam tudo ao pormenor para que esta fosse de facto uma experiência e um partilha memorável. Bom, aqui vai o diário da viagem…

9 agosto ’06
Partimos do aeroporto de Incheon às 8h da noite; viajava connosco o padre Gianni Colzani, um professor de Antropologia Teológica e Missiologia em Roma e Milão, o qual tínhamos convidado para nos orientar o tal retiro anual. 3 horas depois, aterrámos no Chenggis International Airport. Esperavam-nos 2 nossos colegas e, após chegar à nossa casa, tínhamos bolos preparados pelas freirinhas e um acolhimento muito fraterno. Após uma longa conversa, fomos nanar… pois eram quase duas da manhã. Tomámos de “assalto” os quartos dos nossos manos, os quais dormiram na cozinha/sala de jantar. Foi muito melhor assim, do que ficarmos hospedados numa qualquer pensão: uns no chão, outros mais repimpados numa caminha… como eu!!! eheheheh
10 agosto
Primeira visita à capital Ulaan Baatar. A casa dos nossos manos não fica longe do aeroporto e chegar ao centro da cidade é um rápido; só que naqueles dias a ponte de acesso ao mesmo estava em obras, como tal o tráfico era muito mais intenso e caótico. Se já em Seúl conduzir é uma aventura, então na capital mongola é como “arriscar a vida”!!! Mamma mia, nunca vi nada assim; claro, é natural quando em poucos anos se passa de montar a cavalo a segurar um volante!!! Ou seja, após a saída dos “colonizadores” russos, no início dos anos 90, a Mongólia sofreu profundas transformações, sobretudo a de se ver de um dia pró outro sem saber como utilizar o que os russos tinham construído; também houve o “choque” da democracia, ou seja, teriam de ser eles a tomar as rédeas do destino deles… o que não tem sido fácil, pois é um país muito pobre. Mas são muito orgulhosos e cheios de garra, por isso espero que se dêem bem com esta mudança. Outros elementos característicos da capital: não há praticamente placas com indicações (ou seja, ou és de lá ou então não podes ir a lado nenhum!!!), nem semáforos, nem sinais; os carros são 99,9% de 2a ou 3a ou até mesmo de 4a mão… e quase todas coreanas e japonesas (70% coreanas, uns 25% japonesas e o resto de outros países). Não existem cabines telefónicas, mas sim pessoas com um telefone na mão (literalmente, um telefone portátil!) ou com uma mesinha, espalhados por toda a cidade. Embora sejam muitos mais vistosos no Inverno, vi vários miúdos que vivem na rua, vítimas de uma pobreza terrível. Os autocarros são também de 2ª ou 3a mão, quase todos coreanos ou da velha Rússia; típicas são as carrinhas que transportam muitos mais passageiros que o permitido e que sobretudo viajam para for a da cidade; um tipo sai de dentro e berra, literalmente, berra as direcções do mesmo: quem o toma, paga antes de entrar e lá vão. Todas estas carrinhas são de marca coreana e do mesmo modelo, Grace, igual à carrinha que tínhamos nós aqui antes da actual. Estando as estradas mongolas em péssimo estado, uma boa parte dos carros são jipes 4X4, essenciais para quando se sai da cidade. Verei nas fotos que o estilo de paisagem mongola assim o exige! Quanto aos táxis, estão devidamente identificados, mas o curioso é que… qualquer automobilista pode ser um taxista: basta meter a zero o conta-km e depois o passageiro paga o devido preço, pois há uma tarifa conhecida por todos! Um dos elementos característicos do capitalismo é o uso dos telemóveis: não são ainda muito difusos, mas fiquei admirado pela quantidade de gente que o tem! Não só n capital, mas noutras pequenas cidades de província. Quanto à população, metade dos quase 3 milhões de mongóis vive na capital. E o número de gente que todos os anos entra na capital não pára de aumentar…
Bom, começamos por visitar o mosteiro budista de Gandan, um dos poucos que sobreviveram às destruições estalinistas; originalmente situado no centro da cidade, foi colocado no local actual em 1838. Na altura tinha cerca de 5000 monges, sendo um centro importante para aprendizagem e prática dos ensinamentos de Buda. Em 1938, os comunistas aboliram as comunidades religiosas na Mongólia, destruíram cerca de 900 mosteiros, transformando alguns em museus. Os restantes foram usados como residências dos oficiais russos ou como estalagens para cavalos. Em 1944, o mosteiro foi reaberto, mas o governo soviético controlava as funções e rituais praticados no mesmo. Só em 1990, com o fim da colonização soviética, o Budismo começou a expandir-se novamente. Actualmente, encontram-se cerca de 900 monges em Gandan, com 10 pequenos templos e “datsans” (tendas típicas mongolas onde se fazem vários ritos tântricos e outros). O budismo mongolo é de inspiração tibetana e contém muitos elementos do Shamanismo (religião tradicional, presente não só na Ásia, como em África e outras latitudes). No edifício central, encontra-se uma estátua alta 25 metros! É a estátua de uma deusa budista. Muitos dos monges são casados (elemento imposto pelos comunistas) e não vivem no templo.
Depois de um almoço tipicamente mongolo (o qual é sempre à base de carne de ovelha, vaca ou outro animal, mas raramente galinha e nunca porco), visitámos o Museu de História Nacional, bem como a praça diante do Parlamento; mesmo em frente à entrada do Parlamento encontra-se uma enorme estátua do Ghenggis Khaan, feita esta ano para celebrar os 800 do dito cujo. À tardinha, celebrámos a missa numa pequena capela perto do aeroporto, num bairro de lata; os católicos, ou melhor, baptizados são 2 ou 3; os restantes são catecúmenos (ou seja, estão recebendo formação para depois receberem o baptismo). E são todos muito jovens, como podereis ver nas fotos. Fiquei parvo com o domínio da língua mongola demonstrado pelo nosso colega Giorgio, um dos primeiros a iniciar a nossa presença naquele país. Faz só 3 anos que lá está, mas domina já muito bem a língua, se bem que tenha dito que era ainda de um nível muito normal… Fosse normal ou não, o que é certo é que a lingual mongola parece ser mais fácil do que a coreana, pois aqui um só se pode dar ao luxo de falar tão naturalmente depois de 5 anos!!!
Terminada a missa e o momento de estarmos juntos com os “locais”, fomos para a casa das freirinhas, as quais non prepararam uma deliciosa pizza. Mamma mia, como estava boa!!! É que era pizza caseira, não a “falsa” do Pizza Hut ou outros restaurants que dizem vender pizza. Noutras palavras, era como se a comessemos na Itália. Depois de uma “chiaccherata” (conversa), fui ainda com o Giorgio ao aerporto, buscar o superior, Ernesto, o qual tinha ido a Hong Kong com vários jovens mongolos participar no encontro asiático dos jovens.

11 – 16 agosto
Partimos para o retiro anual, o qual foi feito num campo de “gher” (típica tenda mongola, na qual vive metade da população… claro, cada família tem uma, não um milhão deles numa só! ahahahahah). Este campo turístico fica a quase duas horas da capital, em direcção a leste. O tema do retiro foi a Missão, porém ficámos todos bastante insatisfeitos com o conteúdo do mesmo, pois dado que o tal padre italiano é professor de universidade, ele limitou-se a dar-nos aulas obre a história da missão e não um retiro! A meio caminho ainda lhe dissemos para mudar de estilo, mas era tarde… Porém, pessoalmente pude tirar proveito não do que ele disse, mas do que tinha preparado para o mesmo, pois afinal de contas quem faz o retiro somos nós e não o pregador: ele pode ajudar (este é, geralmente, a sua função), como pode não ajudar; neste caso, não ajudou muito, mas pude fazer uma boa experiência. Para tal contribuiu a incrível paisagem mongola, a qual é simplesmente uma maravilha: extensões enormes, prados verdejantes, animais em liberdde aqui e ali… e então à noite é que foi mesmo lindo, pois assisti numa das tardes ao pôr-do-sol mais lindo que vi até hoje e, no dia seguinte, assisti pela primeira vez a um nascer do sol; e quanto às noites, eram sempre mega-estreladas!!! Foi, de facto, uma experiência de encontro com Deus através da natureza que jamais esquecerei. Podeis constatar pelas fotos no sito que depois vos indicarei’ algumas deles estão aqui no texto, precisamente para que possais ter uma ideia do que falo! No fim do retiro, fizemos um jogo de futebol… no qual também participei. Coreia contra Mongólia; perdemos 3-2, com 2 golos deles marcados pela irmã Lúcia, italiana! Mas serviu-me de consolação ter feito o melhor golo da partida. Claro, após 4 anos sem nunca ter jogado fiquei todo partido: por causa da operação ao joelho eu não deveria ter jogado, mas não deu para resistir; claro, joguei com cuidado para não me magoar. Andei depois quase 3 dias com as pernas doridas, mas valeu a pena!!! No fim desta partida, uma das experiências mais giras: passeio a cavalo! Acho que o meu, por ser pequeno como todos os outros, apresentou a demissão ao fim da hora de passeio, pois acho que nunca tinha tido uma “besta” como eu montado nele!!! No fim, antes de regressar a casa, assistimos ao “Nadam” das crianças: na Mongólia as festas nacionais chamam-se Nadam e estas incluem uma corrida de cavalos de 20 e tal km; durante a mesma, vários cavalos morrem devido ao esforço e este ano morreu também um cavaleiro; há a versão dos adultos e a das crianças. Assim, os donos do nosso campo turístico organizaram com alguns da zona esta corrida, para termos uma ideia do que é o Nadam. Foi impecável. É incrível a agilidade e habilidade das crianças montando a cavalo; claro, quase todas começam a montar aos 3-4 anos!

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