Tuesday, February 06, 2007

Mais 3 dias de exploracao e visitas...












30 Janeiro-1 Março 07

Jambo, jambo.
Eis-me de regresso a Nairobi, após 3 dias incríveis pela zona de Kisumu, no nordeste deste belo país. Sim, pude constatar pelas viagens que fiz que o Kenya é, de facto, um país rico em beleza natural e humana. Pena é que seja tão pobre... Sim, como em muitos outros países desta África negra, depois que os europeus colonizadores se foram, o país ficou na miséria, sobretudo a nível económico. Certo, rico também os há, e não são poucos, mas restam sempre uma pequena parcela da população. Passando por outras áreas do país, pude constatar que não é só Nairobi que, com os seus muitos bairros-de-lata, está povoada de pobreza e miséria com níveis assustadores e preocupantes. Há uma enorme multidão de gente que vive sem acesso à electricidade e à água potável, a uma casa com condições mínimas de conforto... À noite, não me saía da cabeça a escuridão profunda em que muitos, por causa da falta de electricidade, se encontram diáriamente. Ainda por cima dormindo eu num quarto amplo, com rede para proteger dos mosquitos, com casa de banho privativa, com água corrente... e ali ao lado, a poucos metros da nossa propriedade, gente sem quase nada.
Mas vi também um povo que não se deixa levar pela pobreza, que resiste e sobrevive apesar de tudo; vi crianças que sorriem e jogam como se o pouco que elas possuem fosse o melhor o mundo; vi mulheres que, apesar do peso da vida (sentido figurativo) e das coisas materiais necessárias para viver (sentido literal), não se deixam levar pela desilusão e lutam pelo melhor futuro possível para os seus filhos; vi idosos que, apesar das amarguras e dificuldades da vida, conseguemne ainda trocar e gozar uma boa cavaqueira com os amigos...
Bom, iniciei a viagem pouco depois das 11h da manhã de 3ª feira, 30. O nosso padre keniano Awiti era o condutor e acompanhava-nos um leigo da Nova Zelândia, o qual participou nos 2 Fóruns: teológico e social. Tem 5 filhos e trabalha na comissão da Justiça e Paz lá no seu país. Chama-se David e ajudar-me-á mais tarde com um artigo sobre a Igreja na Nova Zelândia. A nossa primeira paragem foi para... almoçar! A viagem continuou, por estradas nem sempre amigas dos carros, mas lá chegamos ao destino. A caminho, deparamos com... macacos `a berma da estrada, os quais estao habituados que se lhes de comida. Mas nao se aproximaram do nosso, talvez por verem 2 brancos "raros"....
Ainda antes de chegarmos ao destino, passamos por zonas onde o que ha' mais sao campos de cha. Vimos nao so' pessoas recolhendo o dito cujo, como duas "estranhas" aldeias, as quais eram coracterizadas por muitas casinhas juntas; so' que o padre Awiti dizia que estas eram muito pequenas e desconfortaveis... mas que, como acontece sempre com o "ze' povinho" em todos os paises, os pobres sao sempre explorados ate dizer "basta!" Eis na foto parte de uma destas aldeias. Parámos um instante no nosso centro de animação missionária, o qual nada tem a ver com a realidade que o circonda; certo, não se pode trabalhar vivendo em cabanas ou casas pobres, mas não deixa de ser “chocante” ver o contraste profundo que existe. Antes que anoitecesse, fomos ver o sol “recolher aos seus aposentos” ; não deu para fazer grandes fotos: o céu estava muito nublado, mas pelas duas fotos que se seguem, podeis ver que até não sairam mal de todo. E lá se foi mais um dia...


E mais uma...

4ª Feira amanheceu nublada, mas, mais uma vez, o nosso Amigão resolvou dizer a São Pedro para aguentar a chuva até à manhã do dia seguinte; assim, tivemos mais um dia de sol e amenas temperaturas, se bem que à noite, estranhamente, tenha feito sempre uma humidade bastante acentuada. La' nos fizemos `a estrada; pelo caminho, vimos muita gente caminhando com vegetais e fruta `as costas ou `a cabeca, todas em direccao a um grande mercado numa pequena cidade da zona. Interessante foi notar que... so' as mulheres e animais de carga carregavam com as coisas: os homens so' o faziam com carro-de-mao, carros ou furgonetas, pois nao e' de homem um homem carregar coisas... A primeira paragem esta' ligada com uma das razões desta segunda viagem: a visita à família do meu colega Joseph Otieno, que faleceu na Coreia em dezembo de 2005. Infelizmente, a mãe não estava: tinha saído de manhã cedo para um funeral. Mas ao menos pude conversar com o pai, o qual estava sozinho em casa (e' ele comigo nesta foto).Ficou contente não só com o que eu lhe disse sobre o seu filho, mas também com as fotos da missa do primeiro aniversário que celebrámos lá na Coreia em dezembro passado. Claro, partiu-me o coração sentir a sua dor, mas vi também que a família tenta levar a vida para a frente por quanto lhes seja possível. Espero que o dinheiro do seguro que a Samsung concedeu à família, pois o meu colega estava inserido num grupo de estrangeiros devidamente assegurado, possa chegar-lhes em breve: as burocracias coreanas ainda não permitiram que o dinheirto fosse transferido aqui para o Kenya. Gostei muito de ter ido até ali, pois era como visitar a minha própria família, e sentir que fui instrumento da consolação de Deus para esta família. Espero que um dia seja possível irem à Coreia, tal como é seu desejo...
Seguimos viagem, parando na igreja paroquial onde o meu colega Otieno tinha celebrado a primeira missa e outras mais. Estando perto a hora do tacho, o Awiti onvidou-nos para ir a sua casa; encontrámo os seus pais, curiosamente... fervorosos membros de uma igreja protestante; creio que o pai seja meio pastor, pois dizia fazer sermões aos domingos. São só 3 os membros católicos da família; mas gostei de ver que os pais estão felizes e orgulhosos por terem um filho padre, pois, como dizia o pai, o importante é anunciar o evangelho a quem não o conhece. Sao eles que estao comigo na foto: pais e filho. Para melhor verem a foto, aconselho-vos a clicar em cima da mesma, de modo a verem a versao maior ( o mesmo vale para todas as outras!) Após um ótimo almoço e animada conversa, retomámos a estrada... mas deparámos com um acidente brutal, tão brutal que até saiu no noticiário nacional ao fim do dia. Morreram 8 pessoas num embate frontal entre um “matatu” (carrinha de 9 lugares que leva sempre mais passageiros do que os permitidos pela lei; de facto, antigamente eram mais de 20 por veses, mas uma lei recente desceu o número para... 14!) e um pequeno autocarro; parece que este sofreu o arrebentament de um pneu e bateu frontalmente no “matatu”. Quando chegámos ao local do acidente, os corpos das vítimas tinham já sido retirados.
Fomos dali para uma das duas paróquias que ainda são orientadas pelo nosso Instituto: Aluendo. Mas os nossos padres não estavam, de maneira que a visit foi rápida. Porem, gostei de ver um jovem artista pintando a Via Sacra nas paredes da igreja, a qual tem pouco mais de 1 ano. Na foto podeis constatar a sua mestria, sobretudo porque o faz em estilo africano. Seguimos para a segunda paróquia nossa, a qual estava longe da estrada principal e, tenho chovido muito no dia anterior, as estradas estavam impraticáveis, pois eram em terra baida. No regresso, tive inclusivé que sair do carro parar arrumar umas pedras de modo a que o carro pudesse passar. Esta paróquia, Chiga, tem um pequeno centro médico, um dispensário, uma escola tácnica, um pequeno centro de fornecimento de água potável e arroz para a populução local. É uma missão ao estilo antigo e típico de anos passados, porém dizia-me o Awiti que a escola técnica tem os dias contados... caso o número de alunos que a frequenta continue a diminuir.
Antes da janta, demos ainda um salto ao Lago Vitória, mas desta vez não deu pra ver... a água. É que parte do lago está coberto por espessa camada de vegetação; a única água que se via era usada para lavar os “matatu” e pequenos autocarros.
À noite, vi então o noticiário e fui dormir mais cedo, pois estava arrebentado. No dia seguinte, regressámos a Nairobi, mas por uma outra estrada, de modo a vermos um pouco mais do Kenya; pelo caminho, conseguimos avistar um pequeno grupo de girafas! Fiquei contente, pois como não deu para fazer nenhum safari, pude ao menos ver um minimo de animais no seu habitat natural. O almoço foi na zona Masai-Mara, a qual tem um parque natural muito famoso; pena não ter dado para lá ir... mas como não vim ao Kenya só para passear, não me posso queixar. Bem pelo contrário: vivi e experimentei o que nenhum turista pode experimentar, pois visitei locais e pessoas que nunca contactam com estrangeiros... a não ser que sejam missionários. Gostei imenso dos mercados, quase todos `a beira da estrada principal; sempre que nos viam, esperavam que os "mzungos" (brancos) saissem e lhes comprassem algo, pois nao serao muitos os mzungos que passam por aquelas bandas.Tivemos tempo ainda para comprar mais umas lembrançazitas numa loja ali perto do local onde almocamos. Esta zona Masai era mais vasta, com pouca vegetação e escassamente povoada, ao contrário de Kisumu.

E chegámos a Nairobi depois das 5h da tarde, cansados mas felizes pela experiência, sobretudo porque tudo tinha corrido extremamente bem.
E... faltam-me 2 dias para regressar à minha Coreia. Amanhã irei poder recordar o coreano, pois irei almoçar com uma jovem leiga missionária coreana; no sábado será a vez de almoçar com os familiares do meu colega Peter, para depois abalar por volta das 10h da noite rumo a Bangkok: chegarei à Coreia na 2ª feira de madrugada, pois em Bangkok terei de esperar quase 11 horas! Será uma enorme seca, mas prefiro estar ali a secar do que ter perdido 2 dias caso tivesse viajado com outra companhia aérea.
Minha gente... vou nanar!
Asante sana...

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