Tuesday, July 24, 2007

De novo em Africa... mas e' outra Africa.

Africa do Sul, 21 Julho 2007

Sanibonani (Olá), minha gente!
Pois é, cá estou eu na África o Sul, de passagem para o Brasil. Deixei ontem a Coreia às 8h da noite, após um dia em cheio. De facto, acabei tudo no último minuto: terminei coisas relacionadas com a revista, limpei o meu quarto e arrumei a mochila antes do tacho, após este, tive ainda de preparar dois cds com várias fotos sobre a Coreia para depois mostrar aos meus colegas, tanto aqui como depois no curso do Brasil. Foi mesmo uma semana em cheio, mas consegui deixar tudo arrumado de modo a não me preocupar com nada relativo ao trabalho até Novembro. Faltam só umas coisitas, mas no Brasil terei tempo de as fazer. No vôo para cá comecei a escrever a introdução ao livro de meditações sobre a Quaresma do… ano próximo, de modo a aproveitar o facto de não conseguir dormir sentado. Receava ter de correr em Hong Kong para apanhar a ligação para cá, mas felizmente o avião chegou 40 minutos mais cedo e pude assim embarcar a tempo e sem pressas. Interessante foi ver como quanta gente viaja hoje em dia: não é só quem tem dinheiro, ou trabalha em grandes empresas, ou… nós missionários (que também somos muito ricos!) mas muita mais gente viaja mesmo! Havia mesmo um grupo consistente de coreanos viajando para cá, pois desde que a Coreia se “abriu” ao mundo, eles começaram a correr o mundo todo, quase tanto como os japoneses. Pena é que esta mistura de raças, gentes e culturas, sinal da criatividade e diversidade de Deus, não sejam encaradas como dom pelos poderoso e outras “bestas” como Bush e amigos, pois assim tenho a certeza de que não haveriam guerras nem conflitos, mas sim tolerância, respeito, entreajuda e complementaridade entre os povos, raças e culturas deste nosso planeta. Tenho repugnância contra tudo o que é fundamentalismo, não só o dos terroristas (Bush incluído) e potências militares, mas mesmo na nossa Igreja católica, etc.
Bom, aterrei em Joanesburgo às 6.35h desta manha; estavam à minha espera os meus colegas da Consolata, padres Zé Martins (que trabalhou cá faz anos e, após ter trabalhado vários anos em Portugal, regressou faz 2 anos) e o Carlos Matias, que está cá vai para 14 anos e que eu não via há muitos. Fomos para a casa que é a sede de delegação deste nosso grupo de missionários (são 10 actualmente), onde estava o superior.
Com os tugas Ze Martins e Carlos Matias, mais o superior Tarcisio Foccoli

Tomámos o pequeno-almoço, mas como eu tinha já comido algo no avião, pensava que era hora... do almoço, pois era isso que o meu corpo me “dizia” e, claro, a mente estava confusa, para além de cansada. Ali, temos um paróquia, mas não deu para encontrar o nosso missionário italiano que é o pároco da mesma. Bom, após eu ter escrito e enviado uns e-mails aos meus colegas na Coreia e a todos vocês, vim com o padre Matias para a única missão que o nosso Instituto tem na zona rural, a cerca de 300km a leste de Joanesburgo; fica na diocese de Dundee e não muito longe de Moçambique! Novidade: na 2° feira irei precisamente… a Moçambique com eles os 2!!! O padre Zé Martins vem ter connosco na 2° fira de manha para depois partirmos rumo a Moçambique. Assim poderei rever um grande amigo, o padre Carlos Alberto, e alguns outros padres nossos, bem como entrevistar um deles para a nossa revista. Aliás, farei o mesmo amanha aqui com o Zé Martins. È, assim junto o útil ao agradável, certo? Farei depois o mesmo no Brasil, de modo a adiantar serviço para o ano que vem, pois nesse... terei as minhas férias, se Deus quiser!
Telefonei também para minha casa e celebrei a missa com o Matias e uma senhora branca que vive aqui perto e que frequenta esta missão de Damesfontein. são cerca de 3 ou 4 as brancas, o resto são negros das redondezas. Há uma paróquia e vários salões aqui nesta missão, bem como uma escola que inicialmente era da missão, mas que agora está sob tutela do governo. Os meus manos daqui são também são encarregados de uma capela perto daqui, para lá de outras várias pequenas capelas espalhadas pelo território circundante. Amanha irei com o Matias fazer duas missas, uma delas de funeral.
Certo, estou a adorar isto tudo… e ainda só estou no primeiro dia. Os momentos que mais me marcaram hoje foram dois: o encontro com os 2 tugas que cá estão e o ter passado na estrada onde foram mortos, num acidente, um colega nosso tuga, outro da Tanzânia, um padre diocesano e um leigo catequista, também do Tanzânia, a 23 de Novembro de 1999. Seguiam num carro quando rebentou a roda de um camião que vinha em sentido contrário e este embateu de frente contra eles, arrastando-os por vários metros. Morreram todos os quatro.

Junto da cruz colocada no local onde faleceram os nossos missionarios

Bom, não imaginais o quanto bem me sinto: adoro viajar, como sabeis, e conhecer novas terras e culturas, pois nelas Deus se manifesta de modo muito concreto e diversificado.

A igreja da missao de Damesfontein

Mas sobretudo neste contexto de missão é óptimo poder encontrar irmãos missionários e ver em primeira pessoas o que fazem, pois estas realidades (de África e, mais tarde, da América Latina) são completamente diferentes da que vivo na Ásia. Relendo o titulo desta crónica de hoje, quero dizer-vos que a África do Sul é bem mais rica do que, por exemplo, o Kenya: basta dizer que aqui todos andam calçados (pelo menos os que vi até agora, mesmo os mais pobres. Depois, as estradas principais são todas alcatroadas e em muito bom estado, mais do que muitas em Portugal. É sem dúvida uma outra África, diferente da que conheci pela primeira vez no Kenya, no passado mês de Janeiro.
Bom, um padre nosso italiano está preparando a janta… e os meus olhos começam a queixar-se por não terem descansado como deve ser durante as mais de 15 horas da viagem. Amanhã há mais, ok?
Que o nosso Amigao vos abençoe.
Nisale kahle (Adeus)

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